Os preços dos smartphones no Brasil dispararam 88% em um ano, alcançando uma média de R$ 2.557, conforme dados da consultoria IDC. Este aumento significativo, que saltou de R$ 1.361, é atribuído a diversos fatores econômicos, incluindo a alta do dólar, tarifas comerciais implementadas pelos EUA, e a crescente demanda por tecnologias avançadas como 5G e inteligência artificial (IA). Em um cenário de incertezas econômicas, a consequência mais clara desse aumento foi a queda de 10% nas vendas de aparelhos.
O ambiente econômico atual tem afetado o poder de compra dos consumidores, resultando em um desafio orçamentário. Apesar do baixo nível de desemprego e com a renda em crescimento, muitos brasileiros enfrentam dificuldades para adquirir novos smartphones. A chamada "inflação eletrônica" tornou a compra de celulares novos uma tarefa cada vez mais complexa, resultando em vendas em declínio em um setor já comprometido por altos custos de importação de componentes.
A resposta da indústria está sendo a introdução de modelos mais acessíveis e o investimento na produção local. Fabricantes como Apple, Samsung, e as chinesas Realme e Oppo estão se adaptando ao cenário desafiador, oferecendo linhas de produtos que não apenas são mais baratas, mas também incorporam tecnologias de ponta, como 5G e IA, recursos cada vez mais demandados pelos consumidores.
Reinaldo Sakis, diretor de Pesquisas da IDC, observa que a alta dos juros, que atingiram 14,75% ao ano, também desempenha um papel crucial, restringindo o crédito e inibindo a compra a prazo, que é comum entre os brasileiros. “O preço elevado é um reflexo de todas as incertezas que têm se acumulado ao longo do tempo,” enfatiza. Ele acrescenta que a situação atual é ainda mais preocupante devido ao avanço tecnológico dos smartphones; hoje, metade dos celulares vendidos são da Quinta Geração (5G), o que contribui para os preços mais elevados.
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Embora haja expectativas de crescimento nas vendas ao longo do ano, os especialistas alertam que, se a tendência atual continuar, o setor poderá enfrentar seu pior desempenho desde 2019, com a previsão de venda de cerca de 38 milhões de unidades até dezembro de 2024. A necessidade de adaptação às novas realidades logísticas também é uma preocupação, especialmente sobre as tarifas impostas pelas autoridades dos EUA, que impactam a cadeia produtiva global.
Recentemente, a Realme anunciou uma parceria para produção local na Zona Franca de Manaus, prevendo a fabricação de mais de 28 mil unidades mensais acentuando a competição no mercado. A Jovi, uma subsidiária da chinesa Vivo Mobile, também começou sua produção em Manaus, demonstrando o foco das marcas em fortalecer sua presença no Brasil, um mercado considerado estratégico para suas operações.