Tarso Genro clama pela recriação do Ministério da Segurança Pública
O ex-ministro da Justiça, Tarso Genro, fez uma declaração contundente em defesa da recriação do Ministério da Segurança Pública durante uma entrevista. Segundo Genro, essa ação é crucial para enfrentar o crime organizado, que, conforme suas observações, infiltrou-se nas estruturas do Estado. Ele também aproveitou a oportunidade para criticar a abordagem policiamento em operações nas ruas, ressaltando o perigo do uso da força sem critérios definidos.
O político petista, que atuou no governo Lula, defendeu que a segurança pública deve ser um dos focos principais do governo, especialmente em um cenário de crescente violência e confusão entre segurança pública e segurança nacional. Ele argumentou que a recente história política permite um diálogo amplo sobre a segurança, o qual deve ser bem conduzido para não se tornar uma ferramenta de disputas eleitorais.
Genro mencionou que a crítica ao governo federal, especialmente em relação ao uso da força tanto nas operações quanto nas políticas envolvendo a Segurança Pública, é uma preocupação legítima e necessária. "Não podemos tratar dependentes de substâncias ilícitas apenas como criminosos; muitos são vítimas de um sistema falido. Mas, ao mesmo tempo, precisamos de uma resposta mais firme contra o crime organizado. Isso é distinto do uso da força com critério e inteligência", afirmou.
Em sua análise, Tarso Genro tocou em pontos que vão além de apenas recriar o ministério. Ele sugeriu que a estrutura do governo deve incluir também políticas de formação profissional e reintegração social para jovens em conflito com a lei, promovendo a construção de penitenciárias socioeducativas. Isso, segundo ele, reduziria a reincidência entre jovens adultos, um problema recorrente no sistema penal brasileiro.
Polícia municipal e armamento: um debate necessário
A questão sobre a utilização de força militar em nível municipal também foi um assunto abordado. Genro expressou preocupação com a proposta que sugere que forças municipais utilizem armamento pesado. "Trocar o nome não é o problema; o essencial é que a natureza das funções e o tipo de armamento sejam adequados, visando garantir a segurança sem exacerbar a violência", argumentou.
A crescente infiltração do crime organizado nas esferas políticas, especialmente no Rio de Janeiro, segundo Genro, complica ainda mais a colaboração entre as esferas federal e estadual na segurança pública. "O crime organizado hoje tem uma base política muito forte, o que reforça a necessidade de uma resposta estratégica e articulada por parte do governo federal", disse ele, enfatizando que a colaboração deve ser baseada na contemporaneidade do problema.
O ex-ministro fez questão de deixar claro que o caminho para 2026 deve ser pensado com responsabilidade. "Não se trata de ir ao extremo nem à direita nem à esquerda. O que precisamos é de um compromisso genuíno com a Constituição e um firme direcionamento nas políticas de segurança pública. A corrupção deve ser excluída desse discurso e das alianças políticas", concluiu.