A Fórmula 1, um dos esportes mais emocionantes e seguidos mundialmente, utiliza um sofisticado sistema digital para coletar e processar bilhões de dados a cada corrida. Localizado em uma tenda discreta nos paddocks, o ETC (Centro Técnico do Evento) é chamado de "cérebro" digital da categoria e é vital para a transmissão ao vivo dos eventos, assim como para a análise de desempenho e a interação com fãs.
O ETC funciona como um hub tecnológico onde são orquestradas as atividades digitais durante os Grandes Prêmios. Equipado com altos níveis de tecnologia, ele capta dados de câmeras, sensores, e comunicações via rádio. O diretor de tecnologia digital da F1, David King, ressalta que estes dados são essenciais para construir a narrativa e engajar as audiências, especialmente aquelas atraídas pelo recém-lançado Drive to Survive, uma série da Netflix que trouxe novos fãs ao esporte.
Para essa nova audiência, a Fórmula 1 investiu em formatos de conteúdo adaptados, como cortes rápidos para redes sociais e um aplicativo que traz análises em tempo real. O F1 Insights, por exemplo, oferece gráficos com previsões de pit stops e comparações de pilotos. Um destaque é a ferramenta chamada "Time Lost", que analisa os erros dos pilotos e quantifica o tempo perdido durante as voltas.
O uso intensivo de dados na F1 tem se tornado cada vez mais sofisticado. Um carro de Fórmula 1 pode conter cerca de 300 sensores que geram impressionantes 1,1 milhão de pontos de dados por segundo. Essa transformação digital culminou em 2018, quando a categoria transferiu sua infraestrutura de dados para a nuvem. A ex-engenheira de equipes como Ferrari e Haas, Ruth Buscombe, menciona a automação das transcrições de rádio e o uso de inteligência artificial para analisar o tom de voz dos engenheiros, buscando padrões que possam ser relevantes em estratégias de corrida.
As decisões da F1, fundamentadas em dados desde seu início em 1950, agora são auxiliadas por tecnologias que podem gerar até 1 terabyte de dados por carro a cada corrida, superando significativamente os dados produzidos por instituições como a NASA. De acordo com Julie Souza, da AWS, a F1 gera um volume de dados que se equipara a muitos outros esportes, enfatizando que nenhuma outra liga esportiva lida com tamanha carga de informações.
Recentemente, mudanças no regulamento da Fórmula 1, como o redesign aerodinâmico dos carros em 2022, foram influenciadas por simulações utilizando inteligência artificial. Isso mostra como a tecnologia está moldando o futuro da F1, mas, segundo Ruth Buscombe, a essência do esporte permanece humana. "A paixão pelos esportes vem da nossa humanidade. A combinação da experiência humana com dados nos proporciona o melhor dos dois mundos."
Com a avançada tecnologia e um futuro promissor, a Fórmula 1 continua a atrair novos fãs ao redor do mundo, enquanto explora a interseção entre tradição e inovação.