O Governo espanhol, através do Ministério de Direitos Sociais, tomou uma medida significativa contra a plataforma Airbnb ao determinar o bloqueio de mais de 65.000 anúncios ilegais de locações turísticas. Esta ação foi respaldada pela decisão do Tribunal Superior de Justiça de Madrid, que rejeitou um recurso da empresa e validou a posição do Governo.
O contexto da ação se origina após a plataforma ter recebido avisos sobre a existência de 65.935 anúncios não conformes, que não respeitam a legislação vigente. Os anúncios em questão estão localizados em diversas regiões da Espanha, incluindo Andaluzia, Madrid, Catalunha, Comunidade Valenciana, Ilhas Baleares e País Basco.
A justiça considerou que a Airbnb não atendeu às demandas do Ministério, que alegou que os anúncios não possuíam o número de licença necessário, algo obrigatório nas autonomias envolvidas. Além disso, a falta de clareza sobre a natureza jurídica dos arrendadores - se profissionais ou particulares - também foi uma das falhas apontadas. Essa informação é crucial para a proteção dos consumidores, pois determina se eles estão adequadamente protegidos em caso de problemas.
A Direção Geral de Consumo, com a decisão judicial em mãos, notificou a filial da Airbnb na Irlanda a proceder com o bloqueio. A plataforma não apenas falhou em identificar os arrendadores corretamente, mas também permitiu que anúncios usassem números de licença falsos, criando um ambiente propício para fraudes.
O prefeito de Madrid, José Luis Martínez-Almeida, expressou sua aprovação à medida do governo, considerando-a uma ação necessária para combater a presença de locações ilegais. Ele reforçou que, embora os municípios possam enfrentar as questões locais, a competência real para resolver o problema reside no governo central, que deve agir de forma proativa.
Além disso, Madrid detém o maior número de locações turísticas da Espanha, com mais de 16.300 imóveis em operação, dos quais a maioria - cerca de 15.200 - opera fora da legalidade, segundo dados do Ministério de Consumo.
Em paralelo, o Ana Municipal de Madrid está avançando com o chamado Plano Reside, que objetiva concentrar as habitações de turismo em edifícios designados apenas para esse fim. Entretanto, a oposição se manifesta preocupada, argumentando que tal norma pode elevar a expulsão de moradores para áreas periféricas, além de exigir a ampliação da equipe de fiscalização, uma vez que atualmente apenas 18 inspetores estão disponíveis para supervisionar mais de 120.000 negócios na cidade.
Essa situação revela como as tensões entre o uso turístico de imóveis e a necessidade de habitação acessível continuam a ser uma questão complexa em áreas urbanas.