Caças chineses J10-C são utilizados no recente conflito entre Paquistão e Índia, testando seu poderio militar. Reprodução: Globo
O recente confronto entre Índia e Paquistão, que perdurou de 6 a 10 de maio, foi uma das crises mais significativas entre essas potências nucleares em anos, levantando preocupações sobre uma possível escalada de violência na região. Durante esses quatro dias de intensos combates, ocorreu uma novidade importante: as armas chinesas foram testadas em um cenário de combate real, o que surpreendeu analistas e governos ao demonstrar sua eficácia no campo de batalha.
A Índia acusou o Paquistão de violar um acordo de cessar-fogo logo após a negociação, enquanto o governo de Islamabad alegou que caças fornecidos pela China conseguiram derrubar diversas aeronaves indianas, incluindo três caças franceses model Rafel. "Perdas fazem parte do combate", afirmou o Marechal do Ar AK Bharti, da Força Aérea Indiana, ao se recusar a comentar as alegações feitas pelo Paquistão. Ele também insinuou que os objetivos da IAF foram cumpridos e que todos os pilotos retornaram com segurança.
A situação despertou a atenção da comunidade internacional, que observou com interesse a oportunidade de comparar as capacidades dos armamentos chineses e ocidentais em um contexto de combate. De acordo com Lyle Morris, do Asia Society Policy Institute, isso representou uma ocasião ímpar para analisar o desempenho de material bélico chinês, uma vez que a China frequentemente foi criticada por não ter exibido suas plataformas em combates. A ineficácia de confirmação de informações durante as batalhas, porém, leva a uma análise cautelosa sobre a verdadeira eficácia desses armamentos.
Embora a China invista anualmente centenas de bilhões de dólares em defesa, ainda há um caminho a percorrer para alcançar os Estados Unidos na posição de principal exportador de armas. Entretanto, como salientou Siemon Wezeman, do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, esse confronto foi a primeira vez em décadas que um Estado utilizou em larga escala armamentos chineses contra outro Estado, o que voltou a chamar a atenção sobre o crescente poderio militar da China no cenário global.
No contexto deste conflito, o Paquistão se destaca como um dos principais receptores das exportações militares chinesas, utilizando modelos como o J10-C Vigorous Dragon e o JF-17 Thunder, armados com mísseis ar-ar. A utilização ativa do J10-C durante esses confrontos gerou um aumento significativo nas ações da fabricante Avic Chengdu Aircraft, evidenciando o impacto do desempenho do caça na percepção do mercado. Bilal Khan, do Quwa Defense News Analysis Group, analisou que este foi o primeiro conflito sustentado em que a maior parte das forças paquistanesas dependeu de armamentos chineses. Além disso, a Índia não confirmou oficialmente a perda de suas aeronaves, embora haja indicações de que três tenham caído em seu território durante os combates.
A falta de confirmações oficiais em relação ao uso e à eficácia dos armamentos, misteriosamente, não impediu que a narrativa tomasse força nas redes sociais chinesas, inundadas por mensagens nacionalistas. Neste contexto, Carlotta Rinaudo, pesquisadora do campo de segurança internacional, sugeriu que, independentemente da realidade, a percepção pública ao redor desse conflito é extremamente relevante. "Se considerarmos apenas a percepção, a China é de fato a grande vencedora", afirmou Rinaudo. A situação continua a evoluir, alimentando discussões acaloradas tanto na política quanto nas mídias sociais.