Veterinários administram tratamento para elefantes com tuberculose no Karachi Safari Park. Reprodução: Globo
Uma nova abordagem para o tratamento de elefantes com tuberculose está sendo implantada no Paquistão, onde profissionais de saúde estão administrando até 400 pílulas por dia para os paquidermes do Karachi Safari Park. Essa estratégia inovadora envolve misturar comprimidos usados no tratamento humano da doença em alimentos como maçãs, bananas e doces típicos.
O parque abriga quatro elefantes africanos que foram capturados ainda jovens na Tanzânia e chegaram ao Paquistão em 2009. Recentemente, um dos exemplares, Noor Jehan, faleceu aos 17 anos, e outro, Sônia, morreu no final de 2024. O diagnóstico de tuberculose, uma doença endêmica na região, foi confirmado em autópsia. Madhubala e Malika, outras duas elefantas, também testaram positivo.
A administração das pílulas requer ajustes segundo o peso dos elefantes, que pesam cerca de quatro toneladas. Potencializando as dificuldades, Madhubala e Malika inicialmente resistiram ao tratamento, cuspindo as primeiras doses e reagindo com raiva.
Buddhika Bandara, veterinária do Sri Lanka que supervisiona o processo, ressalta a complexidade do tratamento: "A cada dia usamos métodos diferentes. Os animais mostraram algum estresse no início, mas foram se adaptando". Bandara já auxiliou a recuperação de outros elefantes afetados pela doença em seu país natal.
Ali Baloch, cuidador de elefantes, acorda cedo para preparar refeições nutritivas com arroz, lentilhas e melado, criando bolinhas que escondem os comprimidos amargos. "Eu sei que os comprimidos são amargos," admite o jovem, enquanto observa os elefantes se refrescando sob uma mangueira.
Embora a tuberculose seja uma doença contagiosa que pode ser transmitida de humanos para elefantes, Madhubala e Malika não apresentam sintomas. Naseem Salahuddin, chefe do Departamento de Doenças Infecciosas do Hospital Indus, destaca a importância do caso para o aprendizado de seus alunos e a comunidade científica.
A equipe de cuidadores utiliza máscaras e uniformes ao interagir com os elefantes, com o objetivo de se proteger contra a tuberculose, que afeta mais de 500 mil pessoas anualmente. Apesar das críticas ao tratamento de animais no Karachi Safari Park — que inclui a realocação de um elefante devido a uma campanha da cantora Cher —, as perspectivas são otimistas: o plano de tratamento de um ano busca a recuperação total de Madhubala e Malika.