Protetoras denunciam redução na ração para gatos abandonados em Piracicaba, passando de 30 para 15 quilos diários.; Reprodução: Globo
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) acionou a Prefeitura de Piracicaba após uma denúncia alarmante sobre a drástica redução na quantidade de ração disponibilizada para gatos abandonados no Cemitério da Saudade. As informações foram levantadas por protetores de animais, que alegam que a alimentação destinada aos felinos foi reduzida pela metade, comprometendo a sobrevivência destes animais em um local que há mais de 60 anos é conhecido por ser um ponto de abandono.
A cuidadora Elcian Granado informou que, desde um acordo formal estabelecido em 2014, a administração municipal havia se comprometido a fornecer 30 quilos de ração diariamente. No entanto, com a finalização de uma nova licitação para o fornecimento do alimento, o volume caiu para apenas 15 quilos por dia. De acordo com Elcian, esta nova quantidade é insuficiente, uma vez que os gatos no cemitério superam a centena e requerem pelo menos 40 quilos para uma alimentação adequada.
Além do corte na quantidade, Elcian destacou que a ração não estava sendo enviada desde o final de 2024 e as tentativas de diálogo com a atual administração municipal têm sido infrutíferas. "Liguei dezenas de vezes e tentamos nos reunir com o prefeito, mas ele não nos recebeu. Conversamos com o secretário do Meio Ambiente, que também não teve poder de decisão sobre o assunto", lamentou.
O local, conhecido pela presença de animais abandonados, já enfrentou crises no passado. Elcian recordou que, em 2012, diversas mortes de gatos foram registradas, levando a uma investigação que apontou casos de maus-tratos. Após isso, o acordo de 2014 incluiu não só o fornecimento de ração, mas também a instalação de câmeras para monitoramento da área.
A redução na ração tem gerado preocupação entre os protetores, que já contam com doações e eventos para arrecadar recursos, como a venda de alimentos. No entanto, Elcian expressou temor de que a ajuda seja temporária. "Se esses 15 quilos forem mantidos, precisarei recorrer à minha poupança para garantir que os gatos não passem fome", desabafou.
O MP, por sua vez, confirmou que a prefeitura foi intimada a prestar esclarecimentos. Caso se verifique a não conformidade com o acordo firmado, o Ministério Público não hesitará em tomar medidas judiciais para assegurar a proteção dos animais. A prefeitura, em nota, alegou que a licitação para o fornecimento foi aberta no ano anterior e enfrentou atrasos devido a problemas de documentação, assegurando que desde maio de 2025, 5,52 toneladas de ração foram destinadas para os próximos 12 meses, mantidas na média de 15 quilos por dia. Respostas sobre o motivo da redução ou a falta de diálogo com as cuidadoras, entretanto, não foram fornecidas.