Investigação policial aponta corrupção em contrato de patrocínio do Corinthians com a Vai de Bet.; Reprodução: Globo
A Polícia Civil de São Paulo indiciou o presidente do Corinthians, Augusto Melo, junto a mais três pessoas, por crimes de furto, lavagem de dinheiro e associação criminosa, relacionados ao contrato de patrocínio com a casa de apostas Vai de Bet. A investigação revela que aproximadamente R$ 1 milhão, pagos pelo Corinthians à empresa Rede Social Media Design Ltda, foi repassado à UJ Football Talent Intermediação Ltda, identificada como um dos braços do Primeiro Comando da Capital (PCC) no futebol.
Além de Augusto Melo, as outras pessoas indiciadas incluem Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo do clube, Sérgio Moura, antigo superintendente de marketing, e Alex Cassundé, dono da empresa que intermediou o contrato. Segundo a polícia, Alex Cassundé foi incluído no contrato como parte de um esquema para permitir que recursos financeiros do clube fossem desviados ilegalmente. A inclusão de Cassundé ocorreu por meio de uma atuação orquestrada entre os dirigentes do Corinthians, que tomaram medidas para afastar aqueles que realmente contribuíram para o negócio.
Informações da investigação indicam que Cassundé não mediou nenhum acordo, apesar de Augusto Melo e os outros dirigentes terem plenas condições de saber disso. A defesa de Melo rebateu as acusações, manifestando incredulidade e afirmando que o presidente não possui qualquer envolvimento com irregularidades.
A delação do empresário Vinicius Gritzbach, assassinado no ano passado, também trouxe à tona a ligação de Danilo Lima de Oliveira, conhecido como Tripa, com a UJ Football, alegando que ele é um operador do PCC no futebol. O inquérito detalha que R$ 1.074.150 dos R$ 1,4 milhão previstos no contrato com a Vai de Bet passaram por uma complexa rede de transferências até chegar à UJ Football, destacando um possível esquema de lavagem de dinheiro.
O Corinthians, por sua vez, afirmou ser vítima de um complexo esquema de corrupção e enfatizou que a responsabilidade pelas ações dos intermediários não recai sobre o clube. A defesa reiterou que Melo cumpriu apenas com seu papel ao viabilizar o contrato de patrocínio, o mais lucrativo da história do futebol sul-americano, e que está colaborando com as investigações.
O tema se tornou ainda mais crítico com o iminente processo de impeachment a que Melo está sujeito no clube, com a votação agendada para o dia 26 de maio. A atual situação de Augusto Melo se complica ainda mais com detalhes de pagamentos realizados no contexto de patrocínios, que envolvem transferências para empresas de fachada, conforme indicado pela polícia, resultando na rescisão do contrato com a Vai de Bet e mais investigações em andamento.
A UJ Football Talent se defendeu, enfatizando que não é investigada por envolvimento com crime organizado e que opera de maneira legítima no mercado esportivo. A empresa também se comprometeu a colaborar com as investigações, alegando que suas movimentações são legais e declaradas.
A situação do Corinthians e seus dirigentes revela as complexidades envolvendo futebol, finanças e criminalidade, levantando preocupações sobre o impacto que esse caso terá sobre a imagem do clube no panorama esportivo nacional.