O governo Lula vive um momento de contradições marcantes, especialmente após o aumento do IOF, que impacta diretamente a classe média que planeja viagens ao exterior. Essa decisão não apenas contraria promessas de campanha, mas também levanta questões sobre a adesão do Brasil à OCDE, onde o uso do IOF deve ser gradualmente abolido para garantir liberalização econômica.
A necessidade de aumentar a arrecadação para equilibrar as finanças nacionais parece sobrepor-se a compromissos estratégicos. Em meio a tentativas de recuperar a popularidade, o governo demonstra um paradoxo: a busca pela reeleição entra em conflito com obrigações que visam modernizar a economia e respeitar acordos internacionais. O PT, protagonista na administração, acabou relegando aliados de centro-esquerda a segundo plano, exacerbando esse dilema político.
A política monetária também apresenta desafios. O presidente do Banco Central, Gabriel Galipolo, havia sinalizado que uma queda nas taxas de juros estava longe de ser alcançada. Com o aumento do IOF, as perspectivas mudam, afetando o consumo como se houvesse um aumento real das taxas de juros, gerando descontentamento tanto entre os consumidores quanto entre economistas.
A classe média, crucial para a reeleição do governo, enfrenta custos mais altos em seus planos de viagens ao exterior, aumentando as pressões sobre o governo. Além disso, a autorização para exploração de petróleo na foz do Amazonas, embora justificada por promessas de desenvolvimento, provoca controvérsias em um momento em que o Brasil se prepara para sediar a COP 30, ressaltando tensões entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental.
A ministra do Meio-Ambiente, Marina Silva, que é referência mundial em questões ecológicas, expressou sua preocupação com as mudanças na legislação ambiental, que, segundo críticos, representam um retrocesso significativo. O apoio de senadores da base governista a essas medidas reforça a percepção de uma crise na gestão ambiental, feita por um governo origens que se declarava oposto aos retrocessos na preservação.
Essas ações, somadas às recentes flexibilizações na fiscalização ambiental, poderão gerar protestos e debates intensos, especialmente no contexto da COP 30. Em um cenário onde o desmatamento havia mostrado uma queda, a possibilidade de um retrocesso na política ambiental contrasta com as promessas de compromisso do governo com a preservação.
Marina Silva, cuja permanência no cargo é crucial no ano da COP 30, detém influência política tanto local quanto internacional, dificultando medidas que possam comprometer os avanços ambientais recentes. As contradições de Lula refletem divisões internas, com diferentes tendências e um único objetivo: permanecer no poder. A busca por reeleição, ao custo de um equilíbrio fiscal saudável, apresenta um paralelo com a trajetória de Dilma Rousseff, que, ao priorizar crescimento baseado em gastos, acabou criando uma crise econômica profunda que foi difícil de evitar.