Oportunidades de Amor para Crianças Brasileiras
A adoção internacional se revela como um caminho promissor para crianças brasileiras, proporcionando novas chances de lares acolhedores. Um exemplo notável é o caso de Clelia e sua irmã Anna, adotadas pelo casal italiano Maria Laura e Luigi Crescenzo-Squitieri. Em 2019, 63 crianças brasileiras foram adotadas por estrangeiros, refletindo uma tendência decrescente, influenciada por preconceitos e preferências locais na adoção.
Legislação e Adoção Internacional
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Convenção de Haia garantem a proteção e o bem-estar das crianças em adoções internacionais. A legislação brasileira estabelece diretrizes claras que buscam regular e proteger esse processo, priorizando sempre o bem-estar da criança. O número de adoções internacionais, embora tenha diminuído drasticamente nos últimos anos, continua a oferecer novas possibilidades para muitas crianças.
Poesia e Emoção na Conferência de Adoção
Durante a Conferência Latino-Americana de Adoção Internacional, realizada em 2023 em Brasília, Clelia emocionou os participantes ao recitar um trecho de sua poesia, "A Razão da Felicidade". "Eu venho de um lugar distante. Eu venho de onde a minha pele era como a dos outros. Eu, porém, era diferente…", disse ela, refletindo sobre sua experiência de adoção e as mudanças em sua vida. Juntamente com sua irmã Anna, elas estão entre as 63 crianças adotadas em 2019, segundo dados da Conferência de Haia sobre Direito Internacional Privado.
A Queda nas Adoções Internacionais
Nos últimos 15 anos, mais de 2 mil crianças foram adotadas por famílias estrangeiras no Brasil, mas os números são cada vez mais baixos. Em 2010, foram 316 adoções, enquanto em 2025 o número caiu para apenas 14 no primeiro trimestre. Ana Maria Pereira de Oliveira, desembargadora e coordenadora da Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (Cejai-RJ), aponta a crescente preferência dos brasileiros por adotar crianças mais velhas e grupos de irmãos como um fator que limita a adoção internacional. O preconceito e as questões econômicas também representam barreiras significativas nesse processo.
As Mudanças na Regulação da Adoção
Historicamente, as adoções internacionais ocorriam com frequência de maneira ilegal. No entanto, com a implementação do ECA e a convenção de 1993, a situação mudou consideravelmente. A proteção dos direitos das crianças e a regulamentação das adoções internacionais proporcionaram um ambiente mais seguro para todos os envolvidos. A princípio, cada adotante deve apresentarse ao Poder Judiciário para iniciar o processo de adoção, o qual inclui um estágio de convivência.
A Preferência dos Adotantes Internacionais
No contexto brasileiro, o perfil procurado por adotantes estrangeiros frequentemente difere das expectativas dos adotantes nacionais. Enquanto muitos no Brasil buscam crianças pequenas e de pele clara, os adotantes internacionais tendem a preferir grupos de irmãos e crianças de diferentes etnias e idades. Esse contraste reflete as diversas expectativas e sensibilidades culturais em relação à adoção.
Desafios da Adoção e Superação
A advogada Maria Laura, que adotou Clelia e Anna, compartilha os desafios que enfrentou durante o estágio de convivência. "É difícil planejar um dia com a família sem conseguir se comunicar com as crianças", explica ela. No entanto, mesmo diante das dificuldades, ela e seu marido viram na adoção a melhor escolha de suas vidas, fortalecendo laços que, como a própria Clelia destaca em sua poesia, são tão significativos quanto os biológicos.
A Supervisão da ACAF e o Futuro da Adoção Internacional
A ACAF tem um papel fundamental na fiscalização das adoções internacionais, garantindo que todas as etapas sigam as convenções internacionais. Atualmente, há nove organismos autorizados a atuar no Brasil, assegurando a integridade e a segurança do processo. Ana Maria enfatiza a prioridade do Judiciário em garantir o bem-estar das crianças: "Antes da adoção internacional, buscamos a reintegração familiar e, somente quando não há essa possibilidade, consideramos opções internacionais". As histórias de famílias como a de Clelia e Anna reforçam a esperança de um futuro mais promissor para crianças em busca de um lar.