A exposição póstuma de Sebastião Salgado, marcada para inaugurar no dia 18 de julho no novo Museu Fotografiska, em Xangai, se destaca por sua forte crítica social, apresentando mais de cem imagens icônicas que retratam realidades impactantes. Salgado, que faleceu recentemente aos 81 anos, planejava participar desse evento que, agora, servirá como um tributo a seu legado.
O evento é significativo não apenas pela vasta obra de Salgado, mas também por estar inserido nas comemorações dos 50 anos das relações Brasil-China. As imagens apresentadas, incluindo as célebres fotos de Serra Pelada e do sertão nordestino, prometem trazer à tona questões sociais relevantes para o público chinês.
Milton Guran, fotógrafo e longo amigo de Salgado, esteve por trás da curadoria da recente exposição “Do Brasil à Terra”, realizada em Pequim, onde pode observar a profunda conexão do fotógrafo com o público local. "O que mais me impressionou foi a empatia que Salgado gerou no público chinês. Seu trabalho atrai o observador de uma forma que é quase hipnótica", conta Guran. Ele destaca que a exibição é um momento raro na China, onde imagens que denunciam problemas sociais não são frequentemente vistas em espaços públicos.
Durante a exposição, os visitantes poderão se deparar com imagens poderosas que capturam a luta e a resiliência humana. A estudante de arte Fangfang, ao observar as fotos, ficou imersa na trajetória dos retratados e comentou sobre o impacto que elas causam. "São imagens que falam direto ao coração", afirmou.
Os organizadores da mostra em Xangai ressaltam que todas as fotografias expostas pertencem ao acervo do Museu da Imagem Contemporânea de Chengdu, na província de Sichuan. Esta é a primeira vez que uma exposição tão abrangente da coleção sairá do museu desde sua fundação em 2019, um evento que contou com a presença de Salgado.
A repercussão da morte de Sebastião Salgado na China demonstra a relevância de seu trabalho no cenário contemporâneo. Para Christian Devillers, diretor do Fotografiska de Xangai, a interatividade com o público será crucial. "Esta exposição será uma celebração não apenas da arte de Salgado, mas também da cultura brasileira, com performances musicais e debates, além da projeção do filme ‘O Sal da Terra’, de Wim Wenders", explica Devillers.
Salgado também será homenageado com a exibição de imagens pouco conhecidas de sua passagem pela China, refletindo sua visão única e universal que continua a tocar os corações das pessoas ao redor do mundo. Jean-Luc Monterosso, um dos diretores da Casa Europeia de Fotografia, elogia Salgado pelo seu papel como documentarista das experiências humanas, afirmando que ele conseguiu capturar a essência da vida como poucos artistas conseguiram.