Cerimônia marca o início da construção do submarino HMS Anson na BAE Systems. Reprodução: PA Images/PA Images via Getty Images
Enquanto o Reino Unido intensifica seus gastos com defesa, a indústria enfrenta um desafio crítico: a escassez de habilidades necessárias para sustentar a demanda crescente. Com o setor de tecnologia se expandindo rapidamente, as empresas de defesa competem cada vez mais por talentos qualificados, gerando preocupação entre os especialistas. "Precisamos de uma maré de talentos", afirmou um insider da defesa ao Business Insider.
Calvin Bailey, membro do parlamento britânico e ex-comandante de esquadrão da Real Força Aérea, observou que, após anos de cortes no orçamento militar, a escassez de engenheiros qualificados tornou-se um problema alarmante. Em seu papel anterior, ele percebeu que, nos anos 2010, militares deixavam o serviço para ocupar cargos semelhantes na indústria de defesa. Entretanto, a partir de 2017, a explosão de empresas de alta tecnologia e projetos de infraestrutura criou uma demanda que superou a oferta de profissionais qualificados, levando os militares a "sangrar" engenheiros certificados em aeronáutica.
Bailey expressou sua preocupação em um artigo no War on the Rocks, comentando que empresas como Amazon estão ativamente recrutando veteranos britânicos, promovendo um cenário de competição sem precedentes por talentos. "Estamos competindo com adversários improváveis: centros de logística da Amazon", declarou ele. Embora a indústria de defesa apresente salários médios superiores a £39,900, cerca de 14% mais do que a média nacional, este valor muitas vezes não é o suficiente para competir com outras indústrias que oferecem ambientes de trabalho menos restritivos.
De acordo com Paul Oxley, porta-voz da ADS Group, a falta de trabalhadores qualificados representa a principal barreira de crescimento para o setor. A situação é preocupante, dado o compromisso do governo britânico em aumentar os gastos com defesa para 2,5% do PIB, enquanto projetos significativos, como novos submarinos e caças, estão programados para entrar em serviço na próxima década. No entanto, o aumento da demanda por habilidades especializadas em áreas como cibersegurança e inteligência artificial exacerba o problema da força de trabalho不足.
A escassez de talentos foi uma preocupação crescente, com o líder da ADS Group, Kevin Craven, alertando os legisladores sobre a incapacidade da indústria de defesa e aeroespacial de atender à demanda. Além disso, a publicação da nova Estratégia Industrial de Defesa está prevista, com promessas de iniciativas focadas em habilidades, mas a implementação eficaz desses programas é essencial.
A crise de habilidades na defesa é uma questão complexa, exacerbada pela falta de investimento a longo prazo e desafios educacionais. O governo britânico, sob a liderança do Primeiro-Ministro Keir Starmer, está agora diante de um problema que se arrasta há décadas, afetando a capacidade do país de sustentar uma força militar eficaz. Andrew Kinniburgh, da Make UK, destacou que o país está em uma "corrida armamentista" por engenheiros, com todos os setores disputando talentos.
Além disso, a pandemia de COVID-19 impulsionou aposentadorias antecipadas entre os profissionais mais experientes, resultando em uma lacuna de conhecimento que compromete a produtividade da indústria. Casos como a produção dos submarinos da classe Astute demonstraram como uma força de trabalho envelhecida e desatualizada pode impactar negativamente na entrega de projetos dentro do prazo e orçamento.
Oxley e Bailey destacam a necessidade urgente de um currículo de STEM aplicado nas escolas, promovendo o apelo de carreiras na defesa, e sugerem um modelo de carreira mais flexível que permita uma transição suave entre o setor militar e o civil. O parlamentar Tan Dhesi, à frente do Comitê de Defesa do Reino Unido, reconheceu a urgência em abordar a questão, citando evidências claras de que é necessário um esforço concertado para reverter a atual escassez de talentos na indústria de defesa.