Novo laboratório de sequenciamento genético NeoGenomica é inaugurado no Recife. Reprodução: Folha PE
Um novo estudo publicado pela Lancet revela que até um em cada quatro adolescentes no mundo pode desenvolver obesidade ou transtornos mentais até 2030. Os dados alarmantes colocam a saúde pública global em alerta, configurando uma verdadeira bomba-relógio.
O levantamento atualiza as descobertas de um relatório anterior de 2016 e mostra que houve pouco progresso no enfrentamento desses desafios em quase uma década. Atualmente, cerca de 1,1 bilhão de adolescentes permanecem expostos a problemas de saúde evitáveis, como HIV, depressão e má nutrição, que afetam especialmente os mais jovens.
Um dos dados mais preocupantes é a previsão de que até 2030, 464 milhões de adolescentes estarão com sobrepeso ou obesidade, um aumento de 143 milhões em relação a 2015. Regiões da África e da Ásia observam um aumento significativo no número de jovens acima do peso, enquanto países de alta renda enfrentam uma expectativa de que um terço dos adolescentes terá excesso de peso até o final da década.
Além das implicações físicas, a obesidade, frequentemente vista como um problema de aparência, está intimamente associada a uma série de comorbidades sérias, como diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares. Adolescentes obesos também apresentam riscos aumentados de problemas psicológicos, como depressão e ansiedade.
De acordo com as análises, a obesidade é uma doença inflamatória crônica que, quando se inicia na adolescência, aumenta significativamente as chances de ocorrer na vida adulta. Estima-se que crianças obesas têm até 80% mais probabilidade de se tornarem adultos obesos, elevando o risco de condições como infarto e AVC.
Fatores externos, como a pandemia de Covid-19, contribuíram para esse quadro, com a redução da atividade física e o aumento do sedentarismo entre os jovens. Adicionalmente, a presença de alimentos ultraprocessados favorece o ganho de peso e impacta a saúde em geral. Os desafios do ambiente digital, como cyberbullying e pressão estética, também afetam negativamente a saúde mental dos adolescentes.
É crucial implementar programas de educação alimentar nas escolas, espaços seguros para a prática esportiva e ações voltadas ao bem-estar mental dos adolescentes. A obesidade não é apenas uma questão de escolha pessoal, mas sim um fenômeno complexo que envolve múltiplos fatores, incluindo genética e ambiente social.
Para evitar que essa situação se agrave, é essencial tratar a questão com a seriedade que ela exige. A boa notícia é que a prevenção é eficaz e que medidas podem ser tomadas para reverter o aumento da obesidade juvenil. Ignorar a saúde dos adolescentes compromete a saúde da população adulta futura, tornando urgente a necessidade de ações agora.
Rafael Coelho, médico, enfatiza: "Seja a sua melhor versão!"