Presidente argentino Javier Milei e Robert F. Kennedy Jr. posam juntos com uma motosserra. Reprodução: Gizmodo
No dia 27 de maio de 2025, Robert F. Kennedy Jr., uma figura controversa no cenário da saúde pública americana, encontrou-se com o presidente argentino Javier Milei para discutir a criação de uma alternativa à Organização Mundial da Saúde (OMS). A reunião chamou a atenção não apenas pelo seu conteúdo, mas principalmente pela inusitada sessão de fotos que gerou comentários nas redes sociais.
Durante o encontro, Kennedy foi fotografado segurando uma serra elétrica que, segundo Milei, simboliza "las fuerzas del cielo". Essa cena remete à política austera do presidente argentino, conhecido por prometer cortes drásticos em gastos públicos. Milei tem utilizado a serra como uma metáfora para a implementação de suas políticas, fazendo com que figuras públicas que se encontram com ele frequentemente acabem segurando o objeto em fotos, como aconteceu com o bilionário Elon Musk em um evento do CPAC.
A inclusão de uma serra nas fotos é ainda mais intrigante para Kennedy, que há duas décadas foi investigado por um incidente envolvendo o uso de uma serra para desmembrar a cabeça de uma baleia. O caso, que ele chamou de "armação governamental", acabou sendo arquivado, mas permanece um lembrete da sua complexa relação com a mídia e com a verdade.
Kennedy e Milei, ambos figuras que apresentaram uma retórica anti-OMS, têm como objetivo estabelecer uma nova entidade de saúde pública que se baseie no que eles definem como "ciência de padrão-ouro". A retirada dos EUA da OMS sob a administração Trump e a subsequente decisão de Milei em dar seguimento a essa ação são pontos centrais do debate atual entre esses líderes. Em sua declaração, Kennedy expressou satisfação pela reunião, mas não entrou em detalhes sobre as críticas que faz à OMS.
Nos últimos dias, Kennedy tem promovido mudanças significativas nas instituições de saúde que dirige. Ele demitiu funcionários essenciais de agências como a FDA e o CDC, enquanto explicava que cientistas do governo não deveriam publicar mais em periódicos renomados como o New England Journal of Medicine, rotulando-os como "corruptos". A proposta de Kennedy é que pesquisas sejam publicadas em periódicos "internos", como o recentemente lançado Journal of the Academy of Public Health, que já tem sido alvo de críticas pela sua seleção editorial e rigor científico.
O panorama se torna mais complexo à medida que Kennedy continua a promover sua agenda pessoal de saúde pública, ao passo que surgem preocupações legítimas na comunidade científica sobre a integridade e a rigorosidade dos novos canais de publicação que ele defende. O futuro da saúde pública americana e sua relação com a ciência está em jogo, fazendo dessa situação um ponto focal de discussão e quaisquer possíveis repercussões continuam a ser observadas.