Estudo revela que geleiras do mundo perderão um terço da massa nos próximos séculos. Reprodução: The New York Times
Um novo estudo divulgado pelo The New York Times revela que a perda das geleiras fora das calotas polares se tornará irreversível, mesmo que as temperaturas globais estabilizem nos níveis atuais por mil anos. Esta pesquisa, liderada pela cientista Lilian Schuster, aponta que as geleiras podem perder até um terço de sua massa, mesmo diante de um aquecimento controlado.
De acordo com a pesquisa, se o aquecimento global for contido em 1,5 °C, é possível preservar mais da metade do gelo atual ao longo de um milênio. No entanto, com a atual trajetória de aquecimento de 2,7 °C, a expectativa é que até 75% da massa glacial se perca. Schuster, que atua na Universidade de Innsbruck, enfatiza: "Cada décimo de grau a menos de aquecimento ajudará a preservar o gelo glacial".
As geleiras, embora representem menos de 0,5% do gelo do mundo, desempenham um papel crucial ao contribuir com cerca de 30 centímetros para o aumento do nível do mar. A pesquisa destaca que o derretimento das geleiras pode acarretar em riscos de enchentes e deslizamentos de terra. Em um exemplo recente, uma geleira na Suíça colapsou, resultando na destruição de uma vila alpina.
Harry Zekollari, glaciologista da Vrije Universiteit Brussel, observa que as geleiras são um símbolo poderoso das mudanças climáticas. A pesquisa utilizou oito modelos para simular mais de 200 mil geleiras e suas reações a diferentes cenários climáticos. Mesmo mantendo o aquecimento em níveis moderados, as gerações futuras ainda enfrentarão significativas perdas de gelo.
Ainda que uma parte considerável das geleiras venha a ser perdida, especialistas como Mauri Pelto, glaciologista do Nichols College, insistem que ainda é possível conter os cenários mais catastróficos por meio de políticas de mitigação e redução de emissões. "Temos tempo para alterar o clima", diz Pelto, indicando que ações eficientes podem preservar as geleiras.
Cientistas também estão investigando cenários em que o planeta ultrapassa limites críticos de aquecimento, como 3 °C, e que podem levar a mais perdas substanciais de gelo no futuro. A pesquisa de Schuster sugere que mesmo após um eventual esfriamento, o planeta poderia experimentar uma perda adicional de até 11% do gelo glacial até 2500. Este cenário reforça a urgência de abordar as mudanças climáticas de forma eficaz.