Especialistas destacam que educação e Bolsa Família aumentam a mobilidade social no Brasil. Reprodução: Globo
A educação e programas como o Bolsa Família desempenham um papel crucial na mobilidade social no Brasil, de acordo com especialistas. O economista Diogo Brito destaca que a qualidade da educação pública é fundamental para a ascensão social, enquanto o Bolsa Família ajuda a elevar a escolaridade e a renda, diminuindo a dependência futura.
Fatores como o avanço da educação, o crescimento econômico, a redução da pobreza e da desigualdade, além dos programas de transferência de renda, têm contribuído significativamente para a mobilidade social no país. Brito, um dos autores da pesquisa que serviu de base para o Atlas da Mobilidade Social, afirma: "A qualidade da educação pública é o fator dominante que caracteriza essa mobilidade".
O Bolsa Família também se destaca nesse contexto. Segundo Brito, crianças que participaram do programa por períodos prolongados tiveram, em média, dois anos a mais de escolaridade e conseguiram ascender na pirâmide social. Ele observa: "O programa não só aumenta a escolaridade e o nível de renda, como tende a reduzir a dependência dessa pessoa do Bolsa Família quando adulta e ajuda a sair da pobreza".
O economista Paulo Tafner, diretor-presidente do IMDS, ressalta que o baixo crescimento econômico, especialmente durante os anos 1980, conhecido como a década perdida, prejudicou a mobilidade social. Ele expressa preocupação com o crescimento estagnado dos últimos anos, que gira em torno de 2%. Tafner alerta que "se continuarmos crescendo pouco, a parcela de jovens que conseguem superar a renda dos pais vai diminuir, gerando tensões e possíveis convulsões sociais".
O professor de sociologia André Salata, da PUC-RS, argumenta que combater a pobreza é essencial para o desenvolvimento de políticas que visem à redução da desigualdade de oportunidades. Ele enfatiza a necessidade de melhorar o ponto de partida para que a origem social não determine o futuro de um indivíduo, afirmando: "Reduzir a pobreza e a desigualdade é fundamental". A valorização do salário mínimo, segundo Salata, também é crucial para diminuir desigualdades.
Além disso, ele concorda que é vital melhorar a qualidade do ensino, para que as crianças aprendam independentemente de sua origem social. "Se conseguirmos essas duas coisas, podemos tornar nossa sociedade mais justa", conclui Salata.