Larissa Rodrigues compartilha sua trajetória de superação e os desafios da mobilidade social no Brasil. Reprodução: Globo
A mobilidade social no Brasil enfrenta grandes desafios, especialmente em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, segundo o Atlas da Mobilidade Social. Enquanto essas metrópoles apresentam baixos índices de ascensão, cidades menores, como Sorriso (MT) e Joinville (SC), se destacam por oferecer oportunidades significativas de progresso, impulsionadas pelo agronegócio e pela educação.
Estudos recentes indicam que raça e gênero desempenham um papel crucial nas chances de mobilidade social no Brasil. Larissa Rodrigues, uma jovem negra da Chatuba, no Complexo da Penha, exemplifica os obstáculos que enfrentam as mulheres de cor para conquistar um espaço na educação superior. Com pais que não finalizaram o ensino fundamental, Larissa superou diversas dificuldades para chegar à universidade, mostrando que a trajetória de vida de muitos pode ser determinada pelo contexto socioeconômico e racial.
De acordo com o pesquisador Diogo Brito, "Os lugares que dão melhores oportunidades para as crianças mais pobres não são os grandes centros, como São Paulo." No Sul do Brasil, essa realidade é diferente, com Joinville oferecendo 20,7% de chances para aqueles que nascem na pobreza se tornarem parte do 25% mais ricos. Essa taxa é significativamente superior à média nacional.
Em Sorriso, berço do agronegócio, 20% dos nascidos entre os mais pobres conseguem alcançar os 20% mais ricos. Essa dinâmica econômica não só favorece a mobilidade social, mas também sugere que políticas de investimento em educação e infraestrutura são fundamentais para o crescimento. A qualidade da educação é um dos principais fatores que impulsionam essa ascensão.
A estagnação na mobilidade social pode acirrar o ressentimento político e social no país. Muitos jovens, cientes da dificuldade que enfrentarão em relação aos seus pais, sentem-se desmotivados. "Os jovens sabem que vão ter mais dificuldade do que seus pais", destaca o economista Paulo Tafner.
Rosália Lemos, professora do IFRJ, acredita que o cenário pode melhorar nos próximos anos. Ela vê as recentes políticas de cotas nas universidades como um fator que pode elevar o acesso da população negra ao ensino superior. Embora a situação ainda seja desigual, há esperança de um futuro mais promissor, principalmente com o aumento da inclusão nas instituições de ensino.
A trajetória de Larissa e os dados apresentados mostram que, apesar dos desafios acentuados pela localização geográfica e características raciais e de gênero, há caminhos possíveis para a transformação na mobilidade social brasileira. A luta pela educação e pelas oportunidades continua a ser um tema central nas discussões sobre igualdade e justiça social no Brasil.