Redes de farmácias reforçam segurança com câmeras e seguranças armados devido ao aumento de roubos. Reprodução: Globo
As redes de farmácias no Brasil estão adotando medidas rigorosas de segurança para combater o crescente número de roubos de canetas injetáveis, como Ozempic e Wegovy, que se tornaram alvos de quadrilhas. Medidas como instalação de câmeras de monitoramento e a presença de seguranças armados nas entradas visam proteger esses produtos valiosos, cujos preços variam entre R$ 700 e R$ 1,2 mil.
Com o aumento exponencial das vendas de medicamentos, as farmácias vêm sofrendo perdas significativas. Dados da consultoria IQVIA indicam que as vendas de semaglutida, o princípio ativo do Ozempic, cresceram de US$ 27,5 milhões em 2019 para US$ 818,3 milhões em 2022. Essa alta atraiu criminosos, que repassam os itens roubados para um mercado paralelo que não exige receita médica.
A RD Saúde, que controla as bandeiras Raia e Drogasil, relatou que está enfrentando perdas devido a esses roubos, mas não detalhou especificamente o impacto. O CEO Renato Raduan mencionou a adoção de novas estratégias, como a perfuração de tarjas de segurança nas embalagens dos produtos mais visados.
A violência criminal teve um impacto direto na rotina das farmácias, especialmente na Grande São Paulo. Um exemplo notável ocorreu no Parque São Lucas, onde uma farmácia foi assaltada três vezes em menos de um mês, resultando em um prejuízo de R$ 45 mil. Em outro incidente, cinco homens foram detidos em Sumaré com 79 caixas de medicamentos avaliadas em R$ 100 mil dentro do carro.
As quadrilhas agora também visam a cadeia logística dos medicamentos. Roubos e extravios de cargas reportadas à Anvisa revelam que em 2023 foram desviadas mais de 4.800 canetas Ozempic durante a distribuição. As distribuidoras estão aumentando seus investimentos em segurança, alterando horários de transporte e implementando veículos blindados para minimizar o risco.
A fabricante dinamarquesa Novo Nordisk, que produz Ozempic, enfatizou que, após a entrega dos produtos, a responsabilidade pelo estoque é das farmácias. Com a crescente preocupação em torno da segurança, as farmácias e distribuidoras de medicamentos estão se adaptando e investindo em métodos inovadores para proteger esses itens essenciais e valiosos, em meio a uma realidade de criminalidade crescente.