Arqueóloga Niède Guidon, defensora da Serra da Capivara, faleceu aos 92 anos. Reprodução: Globo.
A arqueóloga Niède Guidon, reconhecida por sua fervorosa defesa da Serra da Capivara, no Piauí, faleceu aos 92 anos. Conhecida por descobrir, na década de 1970, pinturas rupestres que testemunham a presença dos primeiros seres humanos no Brasil, Guidon transformou a compreensão da história da humanidade na América do Sul.
Guidon dedicou sua vida à preservação do patrimônio cultural e natural de sua terra natal, lutando incansavelmente pela criação do Parque Nacional da Serra da Capivara, atualmente patrimônio da Unesco. Apesar de enfrentar dificuldades financeiras e ameaças de empresários que buscavam intimidá-la, ela não se deixou abalar e continuou seu trabalho até o fim de sua vida.
Os achados de Niède Guidon foram fundamentais para a compreensão da chegada dos Homo sapiens na América, mudando o curso da pesquisa arqueológica no Brasil. O parque, que abriga uma das maiores coleções de arte rupestre do mundo, é um legado que perdura através de suas ações.
A morte de Guidon na madrugada de quarta-feira (4) foi confirmada pela diretora do Parque Nacional da Serra da Capivara, Marian Rodrigues. Em tributos, personalidades como a antropóloga Lilia Schwarcz e a prefeitura de Teresina ressaltaram seu papel essencial como defensora da história e cultura do Piauí.
Em 2005, Niède foi agraciada com o prêmio Faz Diferença, do Globo, e em 2023, foi homenageada pelo programa Mulheres Fantásticas da TV Globo, destacando sua influência como pesquisadora e sua dedicação à ciência em uma região marcada por desafios socioeconômicos.
A perda de Niède Guidon é sentida em diversas esferas, uma vez que sua pesquisa e compaixão pela preservação histórica transformaram vidas na caatinga e estabeleceram um padrão para a conservação do patrimônio cultural no Brasil. "Niède foi um troféu da cultura brasileira", declarou Lilia Schwarcz, enfatizando a importância de seu trabalho.