O Brasil enfrenta um surto de influenza, com a cobertura vacinal estimada em apenas 35%, muito abaixo da meta governamental de 90% para o público prioritário. Uma pesquisa recente da Fiocruz revelou que 15 estados e o Distrito Federal estão em situação de alerta ou alto risco para a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), relacionada ao aumento dos casos de influenza A.
Os especialistas em infectologia destacam a gravidade da situação. Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), enfatiza que a alta atividade de gripe é típica do fim do outono e início do inverno, mas a gravidade desta temporada é atípica, com um número crescente de hospitalizações.
Celso Granato, diretor clínico do Grupo Fleury, também caracteriza a situação como um importante surto, ressaltando que a escassez da vacinação tem gerado um aumento nos casos registrados. Os dados recentes mostram que apenas 35,96% dos grupos prioritários se vacinaram, o que inclui crianças, gestantes e idosos, todos com acesso gratuito ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Vacinação em Números Alarmantes
A situação é particularmente preocupante no estado do Rio de Janeiro, onde somente 21,75% do público-alvo recebeu a vacina. Outros estados, como Bahia, Maranhão, Mato Grosso e Pernambuco, também apresentam dados alarmantes, com índices próximos a 30%. Dentro do público-alvo, os idosos têm a maior taxa de vacinação, mas ainda insuficiente, com apenas 38,83% imunizados.
Casos e Internações em Crescimento
O boletim InfoGripe da Fiocruz indica que, além do Distrito Federal, estados como Acre, Alagoas, e São Paulo estão vivenciando um aumento significativo na incidência de SRAG nas últimas semanas. Granato observa que neste ano os casos começaram mais cedo e se espalharam por todo o território nacional, algo incomum, uma vez que normalmente se concentram nas regiões Sul e Sudeste.
Entre os pacientes hospitalizados, a maioria são adultos e idosos, com 75% das mortes relacionadas a influenza A ou B conforme os últimos dados disponíveis, revelando uma população extremamente vulnerável.
Fatores Contribuintes para o Surto
- Mutação do vírus: Alterações no vírus podem ter intensificado a sua transmissão e gravidade nesta temporada.
- Alterações climáticas: Condições climáticas atípicas podem ter favorecido a disseminação do vírus.
- Baixa cobertura vacinal: A falta de vacinas em todos os estados facilita a circulação e contágio.
Diante da escalada nos casos e internações, os infectologistas fazem um apelo à população para que se vacine. Kfouri enfatiza a necessidade de imunização para reduzir a transmissão e aliviar a pressão sobre os serviços de emergência, especialmente para os grupos mais vulneráveis. Granato adiciona que, mesmo com o início precoce da temporada de influenza, nunca é tarde para se vacinar.
Essas recomendações são essenciais, visto que a temporada de gripe pode se estender até o final do inverno. É crucial que a população se proteja e, especialmente, os grupos de risco devem procurar a imunização.
A influenza tem sido responsável por 72% das mortes relacionadas às síndromes respiratórias, destacando a gravidade da situação.