A nova presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Tânia Coelho, secretária de Saúde do Ceará, destacou que a perda de vacinas é uma preocupação crescente no Brasil. Ela enfatiza que essa perda pode ocorrer em função da adesão da população aos programas de vacinação, o que, de 2023 a 2024, acarretou um prejuízo estimado em R$ 1,75 bilhão aos cofres públicos.
Em contexto, Tânia Coelho atribui a diminuição no número de vacinas aplicadas à desigualdade na distribuição de médicos pelo país e à proliferação de desinformação. Apesar de a atual situação não apresentar um desabastecimento crítico, a representante também mencionou a queda significativa nos casos de dengue, com uma redução de cerca de 70% graças a um plano de contingência eficaz.
Desde a pandemia, o Brasil enfrenta dificuldades em recuperar os índices de vacinação, especialmente entre crianças. Tânia Coelho manifestou sua preocupação com a necessidade de um esforço conjunto para diminuir a desinformação e restabelecer o país como referência em vacinação: "Precisamos utilizar canais digitais e combater fake news, focando em mensagens baseadas na ciência para alcançar a população eficientemente".
O cenário atual é marcado por relatos de falta de vacinas para Covid-19 e outras doenças, enquanto o governo é obrigado a descartar imunizantes devido ao vencimento. A nova presidente do Conass responsabiliza as falhas na distribuição e aplicação das vacinas à desorganização herdada do Programa Nacional de Imunizações (PNI) na gestão anterior. "Estamos comprometidos em reorganizar o PNI e enfrentamos desafios como atrasos de fornecedores e demandas não integradas", afirmou.
Cabe destacar que a responsabilidade pela distribuição das vacinas é compartilhada entre o governo federal, os estados e os municípios. Tânia Coelho adverte que novas perdas são possíveis, mas atuais esforços estão sendo feitos para evitar isso. "Se a população não aderir, corremos o risco de ter estoques parados e, consequentemente, perder vacinas", explica, reforçando a importância da participação popular.
Em relação ao combate à dengue, Tânia Coelho elogiou as campanhas de prevenção realizadas, que resultaram em uma diminuição significativa nos casos. O foco do Conass está, ao mesmo tempo, nas iniciativas para melhorar o acesso a especialistas por meio do programa Mais Acesso a Especialistas, que, embora ainda em fase inicial, busca acelerar o atendimento à população. Desafios como a concentração de especialistas em áreas urbanas e a falta de estrutura adequada nos hospitais são obstáculos a serem superados.
O financiamento do programa é garantido, e estão sendo criadas mais bolsas de residência para médicos especialistas. Coelho concluiu ressaltando a importância de descentralizar os serviços de saúde, especialmente para áreas interioranas, como parte de uma estratégia mais ampla para qualificar a assistência médica no Brasil.