A operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) durante uma festa junina no Morro Santo Amaro terminou em tragédia, resultando na morte de Herus Guimarães Mendes e ferindo cinco outras pessoas, todas sem qualquer ligação com o tráfico de drogas, conforme informou a Polícia Civil. O governador Cláudio Castro, em resposta à comoção e indignação da comunidade, afastou 14 policiais envolvidos na ação.
Herus, um jovem de 23 anos, flamenguista e pai de um menino de dois anos, estava acompanhando sua família em uma das festividades mais tradicionais do Brasil, quando a operação policial interrompeu a celebração com violência. Ele foi baleado no abdômen e, apesar dos esforços para salvá-lo, não resistiu aos ferimentos. As outras cinco vítimas do confronto estão sendo atendidas, com um internado no Hospital Souza Aguiar.
A ação do Bope recebeu duras críticas não só das famílias afetadas, mas também de autoridades locais. O governador decidiu afastar os comandantes do Bope e do Comando de Operações Especiais, evidenciando a gravidade da situação. "Ninguém vai dizer que meu filho era traficante", desabafou Mônica Guimarães, mãe de Herus, em lágrimas durante o enterro da vítima.
Em uma nota emitida, o governador expressou solidariedade às famílias das vítimas, afirmando que as investigações serão conduzidas com rigor e que as imagens das câmeras corporais dos agentes envolvidos serão analisadas. As armas utilizadas na operação foram apreendidas para uma análise detalhada.
Além das promessas de investigação, o Ministério Público do Rio iniciou uma perícia independente para esclarecer os fatos, reiterando o compromisso de responsabilizar aqueles envolvidos na ação. Críticos apontaram que a favela, historicamente, não possui tráfico de drogas visível, o que levanta questionamentos sobre a necessidade da operação emergencial.
A repercussão do caso foi rápida, com protestos em Catete convocados por familiares, amigos e moradores que exigem justiça. Durante as manifestações, houve uma provocação armada, sublinhando o clima de tensão e revolta. Os discursos durante os atos lamentaram a perda de Herus e destacaram a urgência de mudanças nas abordagens policiais em favelas, que frequentemente se tornam arenas de violência.
"A nossa festa existe há mais de 40 anos. Até quando isso vai acontecer?", indagou Isabele Lopes, amiga de Herus, retratando a dor e a luta de uma comunidade que clama por justiça e paz, com promessas de que a tragédia não será esquecida. Assim, familiares e amigos de Herus continuam a pressionar as autoridades por respostas e a garantia de que vidas inocentes não serão mais ceifadas em operações desmedidas.