Lara Souza, esposa do ativista brasileiro Thiago Ávila, foi recebida nesta segunda-feira pela Secretária-Geral do Ministério das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, como parte do apoio do Itamaraty após o bloqueio a Gaza. Ávila estava entre os 12 passageiros do barco Madleen, que tentou romper o bloqueio naval imposto por Israel à Faixa de Gaza desde 2007.
A embarcação, operada pela Coalizão Flotilha da Liberdade (FFC), foi interceptada por forças israelenses em águas internacionais na madrugada de domingo, horário de Brasília. Autoridades informaram que o grupo passou por exames médicos após a abordagem. Em seguida, os ativistas foram levados a uma unidade de detenção e ouvidos por um juiz, iniciando o processo de deportação. Segundo o Ministério das Relações Exteriores de Israel, todos os 12 tripulantes foram levados ao aeroporto internacional de Tel Aviv para encontrarem representantes de seus países. O ministério alertou que aqueles que não assinassem os documentos de deportação seriam levados a uma autoridade judicial para que a deportação fosse autorizada.
O Itamaraty confirmou a chegada de Thiago Ávila ao aeroporto de Tel Aviv, de onde retornará ao Brasil. Funcionários da Embaixada do Brasil foram designados para assegurar que o brasileiro receba tratamento digno e tenha seus direitos respeitados. Os ativistas, por sua vez, registraram vídeos em redes sociais afirmando que foram sequestrados após a interceptação do barco, descrevendo a ação como uma violação do direito internacional, já que o navio foi capturado fora das águas territoriais de Israel.
Após a abordagem, o contato externo dos passageiros foi cortado, mas foi mais tarde retomado. Em comunicado, os ativistas enfatizaram que estavam a bordo com o propósito de realizar uma missão humanitária pacífica, e pediram que a comunidade internacional condenasse a detenção. Entre eles estavam cidadãos de várias nacionalidades, incluindo França, Alemanha, Brasil, Turquia, Suécia, Espanha e Holanda.
Em resposta à situação, o Brasil já havia exigido a liberação dos ativistas interceptados, incluindo Greta Thunberg, que estava a bordo do mesmo barco. Durante a reunião com Lara, a Secretária-Geral reiterou o compromisso do Brasil com o Estado da Palestina e destacou o papel da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA). O país assumirá a presidência da Comissão Consultiva da UNRWA a partir de 1° de julho.
Internacionalmente, a reação ao bloqueio imposto por Israel cresce desde 2007, com várias flotilhas de ativistas sendo interceptadas. A situação violenta durante uma das abordagens anteriores, onde nove pessoas morreram em 2010, intensificou as críticas ao governo israelense. De acordo com o Itamaraty, a última interceptação gerou mais críticas, e vários países, incluindo a França e o Reino Unido, solicitaram o retorno imediato de seus cidadãos a bordo do Madleen. O presidente francês Emmanuel Macron qualificou o bloqueio de Gaza como um "escândalo e uma vergonha". A Suécia, berço da ativista Thunberg, ofereceu ajuda consular, mas desaconselhou viagens ao enclave, reconhecendo a responsabilidade de quem decide ir.