Uma megaoperação da Polícia Civil no Complexo de Israel, em Rio de Janeiro, resultou em ferimentos e causou caos na cidade, com serviços essenciais suspensos e vias expressas interditadas. Essa ação, a quinta desde outubro de 2022, foca no combate ao tráfico de drogas liderado por Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão. Vinte suspeitos foram presos durante a operação, além de diversas armas serem apreendidas.
A operação começou por volta das 6h, com um tiroteio intenso nas comunidades da região, o que levou à interdição da Avenida Brasil por mais de uma hora e da Linha Vermelha por quase duas. A tensão tomou conta do local, com famílias sitiadas em suas casas e passageiros de ônibus se escondendo em meio ao tiroteio. Quatro pessoas ficaram feridas quando retornavam do trabalho ou a caminho de casa.
Nos últimos meses, o clima de insegurança tem sido uma constante na área. O desespero foi registrado em vídeos que circulam nas redes sociais, mostrando passageiros se agachando para se proteger enquanto oravam em busca de segurança. Em outubro de 2024, a tragédia se repetiu, com três mortes em um raio de dois quilômetros da operação, e agora, mais uma vez, o medo se instalou entre os moradores.
Segundo o delegado Carlos Oliveira, as vítimas estavam fora da área de segurança estabelecida pela operação. Ele ressaltou que o bloqueio será ampliado nas próximas ações, visando proteger a população, dado que os criminosos utilizam armamento capaz de atingir quatro quilômetros. "Essas lesões aconteceram fora do perímetro de segurança delimitado, mas os bandidos atiram sem preocupação com a integridade das pessoas", afirmou.
A ação foi coordenada pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), contando com apoio de outras delegacias e do Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). As investigações, que se prolongaram por sete meses, identificaram 44 integrantes do Terceiro Comando Puro (TCP) que agora são alvos das operações. A organização criminosa, liderada por Peixão, opera em várias comunidades, utilizando estratégias de controle territorial que incluem barricadas e drones.
Dentre os apreensões, estão oito fuzis, duas pistolas e granadas. Enquanto isso, imóveis que serviam de abrigos para os traficantes foram demolidos. Um deles estava camuflado como uma igreja, evidenciando a sofisticação das operações do tráfico na região. O secretário de Segurança, Victor Santos, destacou: "Retiramos narcoterroristas do anonimato, e agora eles estão expostos ao público".
As consequências da operação impactaram a rotina da população: o BRT Transbrasil, os trens do ramal de Saracuruna e aproximadamente 50 linhas de ônibus foram afetados. Além disso, as aulas foram suspensas em 21 escolas municipais, deixando cerca de dez mil alunos sem aulas. Uma dessas instituições, a Cruzada São Sebastião, foi atingida por tiros e estava sem funcionamento, revelando o impacto imediato da violência sobre a vida escolar e de saúde na região.