Mykhailo Drapatyi, o comandante das forças terrestres da Ucrânia, deixou seu posto alegando que encontrou uma "estagnação gerencial" quando assumiu o comando em novembro. Em suas declarações nas redes sociais, ele revelou que sua gestão era marcada por uma atmosfera de medo e falta de iniciativa, além de uma indiferença generalizada aos problemas de pessoal.
Drapatyi, que ficou à frente das tropas por cerca de seis meses, observou problemas alarmantes, incluindo uma profunda desconexão entre o quartel-general e as unidades operacionais, o que, segundo ele, caracterizava o caos dentro das fileiras dos oficiais. "Não havia nem mesmo um traço de um espírito de desenvolvimento no comando", comentou Drapatyi, que optou por substituir metade de sua liderança devido ao que descreveu como abuso sistemático e decisões baseadas em conchavos.
Suas observações refletem uma frustração comum nas forças armadas da Ucrânia, que se vêem lutando com estruturas e culturas ultrapassadas, heranças da era soviética, em meio ao intenso conflito com a Rússia. Como parte de um esforço para reformar a organização, Drapatyi foi nomeado em novembro, numa tentativa de implementar mudanças significativas.
O general, de 42 anos, focou em reconfigurar as divisões de treino das tropas, removendo também metade dos principais oficiais implicados em práticas controvérsias. Ele destacou a necessidade de digitalização dos processos de treinamento e logística e a introdução de ferramentas de apoio psicológico para os soldados.
Ao renunciar ao cargo em 1º de junho, Drapatyi lamentou as mortes de doze soldados ucranianos em um ataque russo a um campo de treinamento em Dnipro, assumindo a responsabilidade e chamando-os de jovens que "deveriam aprender, viver, lutar— e não morrer". O presidente Volodymyr Zelenskyy o convocou para uma reunião e designou Drapatyi ao comando das Forças Conjuntas da Ucrânia, onde ele se concentrará "exclusivamente em questões de combate".
Após a mudança de posição, Drapatyi assegurou que "permanecerá nas fileiras", saindo do cargo como um homem tranquilo, que fez o melhor no marco de grandes desafios. Sua renúncia pode simbolizar um movimento crucial em um momento onde a reforma militar é criticamente necessária para o fortalecimento das forças ucranianas frente à adversidade persiste.