A Semana do Cinema Nacional traz à tona uma dúvida comum entre os amantes da sétima arte: qual é a diferença entre curta, média e longa-metragem? Essa questão, frequentemente levantada entre os espectadores, pode influenciar na hora de escolher um filme para assistir. Durante a Semana do Cinema Nacional, o gshow conversou com Daniela Pfeiffer, diretora-executiva do Centro Cultural Justiça Federal e professora na ESPM e na faculdade Facha, para esclarecer as distinções entre esses formatos, a regulamentação do tempo de duração e as implicações na produção cinematográfica.
De acordo com as normas da ANCINE (Agência Nacional do Cinema), a classificação de filmes se dá conforme a duração. O curta-metragem, segundo a Medida Provisória 2228 de setembro de 2001, é aquele que possui 15 minutos ou menos. O média-metragem é definido como tendo uma duração superior a 15 minutos, mas não ultrapassando 70 minutos. Por fim, os longa-metragens são as obras com mais de 70 minutos de duração.
Embora essa seja a norma oficial, Pfeiffer aponta que em festivais internacionais, como o Festival de Veneza, um curta pode ser considerado uma obra superior a 15 minutos. Segundo Pfeiffer, a decisão sobre a duração de um filme está intimamente ligada ao propósito da obra. "Os diretores consideram se a produção é para cinema, televisão ou festivais e para quais públicos estão direcionando suas histórias", afirma.
Um fator crucial na determinação do tipo de película a ser feita é o custo de produção. Produzir um curta-metragem é significativamente menos oneroso do que um longa-metragem. Pfeiffer explica que a produção de um curta pode variar entre R$ 50 mil a R$ 100 mil, enquanto um longa-metragem, mesmo de baixo orçamento, no viés comercial, inicia os custos em torno de R$ 2 milhões. "Essa disparidade de custos se deve à maior equipe envolvida e ao tempo de gravações mais prolongado para longas", complementa.
A quantidade de exibições em cinemas é outro aspecto a ser considerado. Por exemplo, "Vingadores: Ultimato" possui cerca de três horas de duração, o que limita as exibições diárias. A especialista constata que a duração por si só não determina a atração do público. Em vez disso, as escolhas do exibidor tendem a favorecer filmes que proporcionam experiências emocionantes, muitas vezes em formatos de blockbuster, utilizando técnicas visuais impressionantes.
Após a pandemia, os hábitos do público mudaram, com um aumento significativo no consumo via streaming. "Os espectadores agora estão habituados a escolher produções que sintam que valem a pena em relação ao custo do ingresso", pondera Pfeiffer. Nesse novo cenário, filmes que oferecem um espetáculo visual podem atrair mais público, enquanto aqueles com menor apelo comercial encontram seu espaço nas plataformas digitais, permitindo que os espectadores assistam de onde e quando quiserem.
Por fim, o tempo de atenção do espectador tem se tornado cada vez mais escasso. Com a interrupção constante de dispositivos como celulares, assistir a um filme com mais de duas horas sem interrupções se tornou uma raridade. "A experiência de consumir conteúdos audiovisuais foi afetada por novos hábitos, onde a atenção é fragmentada, dificultando a apreciação em sua totalidade", diz Pfeiffer. A especialista destaca que esse imediatismo nas interações e nas redes sociais mudou a forma como consumimos cinema, tornando o desafio de captar e manter a atenção do público ainda mais evidente.