Impacto da Perda de Animais Dispersores na Biodiversidade
Um estudo recente publicado na revista Nature alerta sobre a redução de animais dispersores de sementes e suas consequências alarmantes para a biodiversidade em diferentes biomas, como a Amazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado. Esses animais, conhecidos como frugívoros, desempenham um papel crucial na manutenção de florestas, espalhando sementes que asseguram a regeneração e a sobrevivência das plantas.
Atividades dos Frugívoros e Seus Efeitos no Ecossistema
Mauro Galetti, pesquisador da Unesp e integrante do Centro de Pesquisa em Biodiversidade e Mudanças do Clima (CBioClima), destacou que a função de dispersão de sementes realizada por animais como tucanos, cutias e antas é essencial para garantir a saúde das florestas. "Muito se fala sobre créditos de carbono, mas é fundamental reconhecer quem é responsável por plantar essa árvore", enfatizou Galetti.
Esses dispersores, ao ingerirem frutos, digerem as sementes e as tornam prontas para germinar, aumentando suas chances de enraizamento e crescimento. "As sementes que passam pelo trato digestório de um animal germinam mais rapidamente e em locais mais adequados, ao contrário daquelas que não são dispersas", explicou Galetti.
A consequência da Extinção dos Dispersores
O estudo também revelou que a diminuição de frugívoros pode acarretar alterações significativas na estrutura das florestas, prejudicando sua capacidade de absorver dióxido de carbono, o que se torna um obstáculo no combate às mudanças climáticas. Segundo a pesquisa, a extinção de aves e mamíferos pode reduzir em até 60% a propagação de sementes globalmente.
Características únicas e susceptibilidade das plantas
A fragilidade de algumas espécies também foi abordada. Por exemplo, a castanha-do-pará tem como único dispersor a cutia. Se essa espécie desaparecer, a dispersão das sementes da castanha será comprometida, demonstrando a interdependência entre os frugívoros e as plantas.
Diferenças entre Dispersores e Polinizadores
Enquanto os polinizadores, como as abelhas, têm seu declínio mais visivelmente impactado nas lavouras, os efeitos negativos da extinção de dispersores são mais lentos, porém igualmente danosos. Galetti ressaltou que a perda de frugívoros compromete a resiliência dos ecossistemas e deve ser uma prioridade nos projetos de conservação e restauração ambiental.
Restauração e Manutenção das Florestas
O pesquisador conclui que a restauração florestal vai além do simples plantio de árvores. "É necessário considerar quem vai manter a floresta no futuro, pois a recuperação destes ecossistemas é muito mais complicada do que aparenta", afirmou Galetti, sublinhando a urgência de enfrentar a diminuição dos dispersores de sementes para garantir a biodiversidade e o equilíbrio ambiental.