O novo lançamento da plataforma Shudder, Best Wishes to All, promete trazer ao público uma nova perspectiva do terror japonês, começando com um pesadelo que estabelece o tom sombrio da narrativa. A trama gira em torno de uma estudante de enfermagem, vivida pela talentosa Kotone Furukawa, que descobre um segredo familiar aterrador durante sua primeira viagem ao lar de seus avós além da infância. A jovem se vê sem a companhia dos pais e, ao recepcionar a notícia da demora deles, expressa sua preocupação: “Sozinha?”.
A jornada dela rumo à sua cidade natal começa com uma troca inquietante com uma idosa que encontrou no caminho. A senhora, ao atravessar a rua, deixa um recado incomodativo sobre os jovens serem sacrificados pelos antigos, uma frase que logo é ressoada ao longo do filme. A atmosfera, que inicialmente parece uma reunião familiar agradável, revela-se tensa e repleta de segredos ocultos.
Um dos aspectos mais intrigantes de Best Wishes to All é a habilidade do diretor e co-roteirista Yûta Shimotsu em criar um ambiente de desconforto contínuo, onde os comportamentos excêntricos dos residentes locais e a estranha sensação de déjà vu da protagonista intensificam a angústia. As crianças da vila e até mesmo um velho conhecido parecem estar cientes de algo que ela ignora. Um elemento clássico do horror, um quarto selado por trás da única porta trancada da casa, culmina o clima de mistério e terror.
O filme conta com a produção de Takashi Shimizu, conhecido pela sua contribuição ao gênero, especialmente pelo icônico Ju-On, ou The Grudge. A participação de Shimizu em Best Wishes to All não só liga o filme a uma rica tradição de terror japonês, mas também atesta a evolução do gênero no século XXI, mostrando que ainda existem novas formas de trazer à tona verdades horrendas que residem em situações aparentemente tranquilas.
Ademais, o filme entrelaça seu horror com uma crítica social, abordando conflitos geracionais e tradições que persistem apesar do descompasso com os tempos modernos. Embora alguns aspectos culturais possam demandar uma reflexão posterior do público ocidental, a mensagem de luta entre velhas e novas expectativas é facilmente identificável.
Em momentos de grande revelação, a protagonista se vê confrontada com verdades familiares que já eram de conhecimento coletivo, o que intensifica sua sensação de solidão e desespero. Com um toque semelhante ao filme Us, de Jordan Peele, onde os personagens desvendam verdades escondidas sobre suas próprias vidas, Best Wishes to All utiliza essa construção narrativa para explorar a fragilidade da felicidade e o medo de encarar a realidade.