O Rio de Janeiro, ao receber o título de Capital Mundial do Livro, viu um crescimento significativo em sua bibliodiversidade, refletindo-se nas vendas de obras literárias durante a Bienal do Livro deste ano. Com um aumento de até 70% nas vendas comparadas ao mesmo evento do ano anterior, a celebração não apenas exalta a literatura, mas também busca estabelecer políticas de suporte a editoras independentes e bibliotecas comunitárias.
A iniciativa da Unesco de reconhecer cidades dedicadas a ações que promovem a leitura começou em 2001, quando Madri foi a primeira a receber o título. Desde então, cidades de diferentes continentes, incluindo Bogotá e Buenos Aires na América do Sul, foram eleitas, mas este é o primeiro ano que o Brasil é representado, com o Rio conquistando o título em abril último.
"A festa tem sido notável," observa Raquel Menezes, sócia da editora Oficina Raquel, destacando que a bibliodiversidade é crucial. Segundo ela, o pluralismo de autores e temas é o que realmente atraí leitores. "Espero que esse conceito deixe o nicho e se torne uma bandeira da cidade."
Lucas Padilha, secretário municipal de Cultura, compartilhou metas para o segundo semestre, visando implementar um programa de compras públicas que priorize editoras independentes. Ele enfatizou a importância de apoiar não apenas bibliotecas públicas, mas também comunitárias, expressão da sociedade civil. "Estamos trabalhando para lançar essa iniciativa em agosto," acrescentou Padilha.
Para a editora Raquel, o movimento crescente em torno de bibliotecas demonstra um desejo latente de leitura no Brasil. Contudo, Marcos da Veiga Pereira, vice-presidente do SNEL, ressalta que a eficácia das bibliotecas vai além de ter um bom acervo; demanda infraestrutura e profissionais capacitados.
A prefeitura do Rio busca desenvolver um sistema que permita a livre circulação de livros entre bibliotecas, criando uma relação mais interativa entre as unidades. Apesar do interesse crescente por livros, o fenômeno das livrarias ainda é uma preocupação, uma vez que o comércio de livros físicos enfrenta novos desafios devido ao crescimento do comércio virtual no Brasil.
"O aumento nas vendas durante a Bienal sinaliza um apetite por livros físicos, mas ainda temos que trabalhar para aumentar o número de livrarias na cidade," conclui Marcos, enfatizando que o debate sobre comprimentos e espaços para livros é global e requer atenção constante.