Um Tesouro Geológico Abandonado
A maior cratera criada por meteoro na América do Sul, localizada na divisa entre Mato Grosso e Goiás, é considerada um verdadeiro "tesouro" geológico, mas enfrenta um sério estado de abandono. Pesquisadores que monitoram a área denunciam problemas significativos, como matas altas, falta de sinalização e carcaças de animais, que refletem o descaso com o Domo de Araguainha. Desde a sua descoberta em 1973, a cratera se tornou um importante geossítio, reconhecida pela Unesco desde 2022, mas carece de infraestrutura e conservação.
Problemas Estruturais e Ambientais
Com um diâmetro de 40 km e uma área total de cerca de 1.300 km², a cratera é maior que a cidade do Rio de Janeiro e foi formada há 245 milhões de anos por um asteroide de 4 km. Entre os principais problemas apontados por geólogos e moradores estão:
- Mata alta: A vegetação densa dificulta o acesso e oculta partes da estrutura da cratera.
- Falta de sinalização: A ausência de placas informativas desorienta visitantes e impede a educação sobre a importância geológica do local.
- Restos de animais mortos: A presença de carcaças indica negligência e falta de cuidados com o meio ambiente.
Iniciativas para Preservação
Em setembro de 2024, o Ministério Público Federal (MPF) solicitou ao Ministério das Minas e Energia estudos para a criação de um parque geológico na área. Segundo informações recebidas, os trabalhos de campo começaram no primeiro trimestre de 2025 e as conclusões devem ser apresentadas até julho. No entanto, até agora, não houve ações concretas para conservar a cratera e transformá-la em um parque que poderia beneficiar o turismo e a pesquisa científica.
A Visão dos Especialistas
De acordo com o professor Álvaro Crósta, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a área permanece desassistida há anos. "Nunca houve adesão por parte do poder público, seja municipal, estadual ou federal. O Domo de Araguainha sempre esteve abandonado", afirma. Outros especialistas reforçam a necessidade de atenção e conservação, destacando o potencial significativo para atividades científicas e turísticas.
Potencial Turístico e Econômico
Além do valor científico, o Domo de Araguainha tem grande potencial turístico, com 15 geossítios que poderiam impulsionar a economia local. Entre as atrações estão trilhas, cachoeiras e áreas com fósseis, que, se adequadamente desenvolvidas, poderiam atrair visitantes e gerar receita. Hoje, contudo, a falta de infraestrutura impede que essa riqueza geológica seja conhecida, mesmo entre os moradores locais.
Perspectivas Futuras
Os planos para transformar a cratera em um geoparque estão em andamento, mas avançam lentamente. A falta de ação efetiva preocupa pesquisadores e moradores locais. Alguns sugerem que a criação de um corredor de acesso e um quiosque na área central poderiam ser medidas iniciais para resgatar a importância do Domo e educar o público sobre sua relevância geológica e histórica.