Elon Musk voltou a acenar para o eleitorado conservador, apostando em uma nova estratégia de comunicação focada em ataques a liberais e ao chamado "wokeismo". O CEO da Tesla, após um período tumultuado em sua imagem pública, inicia uma nova fase de defesa das suas posições políticas, visando reparar suas relações com os adeptos do movimento Make America Great Again (MAGA).
Recentemente, Musk enfrentou um dos mais difíceis momentos em sua carreira. Ele se envolveu em uma polêmica com Donald Trump, a quem ajudou a retornar ao cargo, culminando em um pedido de desculpas inusitado. Em uma publicação no dia 11 de junho, Musk afirmou: “Lamento algumas das minhas postagens sobre o presidente @realDonaldTrump na semana passada. Elas foram longe demais.”
Esse gesto de contrição mostra o quanto a rixa prejudicou sua imagem entre os conservadores, refletindo também nas vendas de suas empresas. A Tesla viu uma queda de entregas de 13% no primeiro trimestre, com uma drástica queda de 71% em seu lucro líquido em relação ao ano anterior. Desde janeiro, suas ações caíram mais de 20%.
Ainda assim, Musk não se afastou da política e voltou a lançar mão de suas armas culturais. Em 21 de junho, ele utilizou o X (anteriormente conhecido como Twitter) para reacender o debate cultural, postando: “Baby, o que aconteceu com o Woke?” com a resposta imediatamente a seguir: “Morto, meu amor, Woke está morto.” Essa postagem atingiu mais de 35 milhões de visualizações.
Usuários conservadores do X reagiram positivamente, celebrando a afirmação de Musk e o seu ataque ao que consideram uma ideologia progressista invencível. Porém, nem todos os comentários foram de apoio; muitos se mostraram céticos, argumentando que o movimento "woke" não havia desaparecido, mas sim se reorganizado.
Um usuário que se identificou como bissexual desafiou Musk: “Por que Elon odeia LGBT? Eu sei que é por causa de seu filho, mas não descarregue isso em todos os outros.” O chatbot do X, Grok, se apressou em explicar que, embora Musk tenha enfrentado críticas por suas opiniões sobre pronome e a moderação relaxada da plataforma, a intenção dele parece ser uma crítica à ideologia "woke" em geral, e que suas empresas afirmam apoiar políticas de inclusão LGBTQ+.
A batalha de Musk contra o "wokeismo" é tanto ideológica quanto pessoal. Ele responsabiliza a cultura progressista pelo distanciamento de sua filha trans, que agora ele se recusa a reconhecer. “Meu filho, Xavier, morreu,” publicou em março. “Ele foi morto pelo vírus mental woke. Agora, o vírus mental woke irá morrer.” Para Musk, o "wokeismo" representa uma ameaça existencial à civilização ocidental.
Em sua gestão, o X tornou-se uma plataforma de resistência, onde críticas a políticas de diversidade, inclusão e equidade (DEI), identidades de gênero e correção política são incentivadas. O apoio financeiro de Musk à campanha de Trump nas eleições de 2024, que somou quase 290 milhões de dólares, não passou despercebido. Em troca, Musk foi nomeado para chefiar o recém-criado Departamento de Eficiência do Governo (DOGE). Contudo, a lua de mel entre os dois não durou, e as divergências públicas sobre políticas resultaram em uma nova rixa entre eles.
Após essa disputa, Musk parece determinado a recuperar o apoio da base de Trump, tentando novamente unir forças contra uma percepção compartilhada: a política progressista como inimiga. Ele está ciente de que, à medida que continua a desenvolver novos produtos da Tesla e avança em sua empresa de IA, xAI, a guerra cultural continua a ser seu principal campo de batalha e um caminho para resgatar sua relevância no cenário politico-econômico.