O outono chegou ao fim às 23h42 (horário de Brasília) desta sexta-feira (20), apresentando um balanço preocupante para a região de Campinas. Com temperaturas significativamente mais baixas e um índice de chuvas 30% abaixo do esperado, a estação foi marcada por condições climáticas adversas e um alerta para o uso consciente da água.
A média das temperaturas mínimas durante o outono foi de 16ºC, ao passo que a temperatura média variou entre 22ºC e 23ºC. O dia mais frio ocorreu em 30 de maio, quando a mínima chegou a 7ºC. Essas medições foram fornecidas pelo Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, que destaca a escassez das chuvas durante a estação.
A meteorologista Ana Ávila, do Cepagri, lamentou a falta de precipitações, afirmando: "Em termos de chuva, nós ficamos com 30% abaixo do esperado. De forma geral, tem sido um ano com menos chuva, com exceção do mês de abril, que choveu bastante. O restante dos meses ficou com chuva abaixo da média." Em Campinas, o acumulado ficou em 130 mm, sendo que o máximo em um único dia foi de 25 mm.
Além da escassez de chuvas, os rios que integram o Sistema Cantareira também apresentaram vazões preocupantes, com destaque para o Rio Atibaia, em Valinhos, que registrou uma vazão média de 11,3 mil l/s, ligeiramente acima da mínima média de 10 mil l/s. Já em Jaguariúna, o Rio Jaguari teve uma vazão média de 4,8 mil l/s, acima da mínima média de 2 mil l/s.
Segundo Alexandre Vilela, coordenador de monitoramento hidrológico do Comitê PCJ, a situação dos mananciais é crítica: "O Sistema Cantareira opera nesse momento na faixa de atenção, porque temos os próximos meses até o início das próximas chuvas, provavelmente entre setembro e outubro, conseguindo sobreviver com esse volume de água."
Ele aponta também que a previsão para o inverno não indica melhora significativa, com temperaturas que podem variar de normal a mais quentes do que o esperado. "As chuvas na nossa região no mês de inverno acontecem com a passagem das frentes frias. Agora, elas estão bloqueadas no sul. Se conseguirmos avançar até nossa região, teremos chuvas. Mas elas devem ser esporádicas, o inverno tende a ser de normal a mais seco. E com relação a temperaturas, de normal a mais quentes," detalha Ávila.
Em meio a essa situação, a preocupação se volta para a importância do uso consciente da água, tanto por consumidores quanto pela gestão das bacias. "A gente tem que ter esse olhar de uso racional: tanto o usuário final, mas principalmente na gestão da bacia, com um olhar de preservação de água no reservatório para ano que vem," conclui Vilela.