A Conferência do Clima COP30, marcada para ser realizada na Amazônia, abre uma janela de oportunidades para alinhar líderes globais com a realidade ambiental da região. No entanto, a necessidade de evitar expectativas irreais é urgente devido às mudanças geopolíticas e aos desafios internos do Brasil, que inclui a crise fiscal.
Para Paulo Hartung, José Carlos da Fonseca Jr. e Adriano Scarpa, autores do artigo, a realização da COP30 é um passo importante para que a comunidade internacional conheça de perto a Amazônia e os debates que envolvem a sustentabilidade do planeta. Conduzida sob a liderança do embaixador André Corrêa do Lago e de uma equipe composta por destacados profissionais, a conferência deve concentrar-se na eficácia das ações em relação aos compromissos climáticos assumidos.
Desde o anúncio de Belém como sede da COP30, a conjuntura internacional vive um período de instabilidade, evidenciado pela guerra comercial e conflitos no Oriente Médio e na Europa. A recente retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris agrava ainda mais esse cenário, considerando que o país é um dos maiores emissores de CO₂. Com a Europa enfrentando crescentes responsabilidades sobre seus orçamentos, a situação se torna ainda mais desafiadora.
Internamente, o Brasil também está em uma situação frágil, com crises fiscais e instabilidade política. Há um sentimento de fracasso diante dos resultados das últimas conferências, não pela falta de compromissos, mas pela distância entre o que foi assinado e as ações concretas entregues. As contribuições nacionalmente determinadas precisam ser revisadas para que Brasil possa se apresentar de forma robusta na COP30.
Iniciativas como o Fórum de Líderes Locais e a programação da SB COP30 (empresários) são essenciais nesse momento. Entretanto, é fundamental que o país não alimente expectativas irreais que podem levar à frustração. O papel do Brasil deve ser encarado com maturidade, buscando que a COP30 se torne uma articulação sólida para enfrentar a crise climática e renovar os laços do multilateralismo, que têm sido danificados nos últimos tempos.
O desafio é grande, mas a COP30 pode ser uma vitrine para as discussões sobre a agenda climática global e um passo importante para o futuro sustentável do planeta.
Paulo Hartung, José Carlos da Fonseca Jr. e Adriano Scarpa fazem uma análise crítica sobre a importância da COP30 e os desafios que o Brasil enfrenta no cenário global.