Um recente relatório do Banco Mundial aponta que o Brasil precisará de um ajuste nas contas públicas equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) para desativar sua bomba fiscal. Essa advertência, embora não nova, ressalta a gravidade da situação, demandando a atenção imediata do Executivo e Legislativo.
De acordo com o documento, é crucial que as autoridades interrompam o crescimento da dívida pública, que tem implicações diretas na estabilidade econômica e nas perspectivas de desenvolvimento social. "É fundamental interromper a trajetória de crescimento da dívida pública", alerta o relatório. A resistência política a esse diagnóstico agravará a situação.
Entre as medidas sugeridas pelo Banco Mundial, destacam-se: redução de privilégios no setor público, desvinculação do salário mínimo dos benefícios previdenciários, reforma nas aposentadorias e pensões dos militares, e uma ampla reforma administrativa. Além disso, o relatório propõe aumentar a base de contribuintes do Imposto de Renda e reformular isenções e benefícios tributários, principalmente sobre combustíveis.
A análise do Banco Mundial revela que a dívida brasileira se aproxima de 80% do PIB, um percentual alarmante que excede em 22 pontos a média de países em desenvolvimento e em 18 pontos a média latino-americana. Isso gera uma espiral negativa, onde o aumento dos juros resulta em um custo ainda maior para a economia.
Entre 2006 e 2024, observou-se um crescimento significativo nas despesas públicas, que saltaram de 40,2% do PIB para 44,2%. Este aumento incontrolável, preocupado com a capacidade de geração de riqueza do Estado, reflete um cenário insustentável. A carga tributária brasileira já atinge 23,7% do PIB, muito superior à média da América Latina e de países similares.
O economista Cornelius Fleischhaker, do Banco Mundial, destaca que pensões e aposentadorias devem ser estabelecidas para evitar que os idosos caiam na pobreza, desvinculando-as do salário mínimo. O governo e o Congresso têm a responsabilidade de abordar rapidamente essas questões urgentes, pois a situação fiscal do Brasil não permite mais negligência.