O projeto de compartilhamento de informações médicas promete transformar a forma como o atendimento aos pacientes é realizado, trazendo agilidade e eficiência ao sistema de saúde no Brasil. Inspirado no conceito de finanças abertas, conhecido como open finance, essa iniciativa visa integrar os dados de pacientes atendidos em hospitais e laboratórios, inclusive no Sistema Único de Saúde (SUS).
Uma das melhorias imediatas será a eliminação da necessidade de repetir informações que já constam nos prontuários, como alergias e medicamentos em uso. Isso significa que, ao chegar a um pronto-socorro, o paciente não precisará começar do zero, o que potencialmente reduzirá o tempo de espera e o número de exames desnecessários.
Sob a liderança do Inova HC, núcleo tecnológico do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), o projeto já conta com a colaboração de importantes hospitais privados da capital paulista, como o Sírio-Libanês e a Beneficência Portuguesa, além de redes de laboratórios reconhecidos, como Dasa, Fleury e Sabin. A expectativa é de que esse sistema esteja em funcionamento em até seis meses.
A rede de farmácias RD (Raia e Drogasil) e o Bradesco Saúde estão finalizando a participação nesse projeto, que permitirá o compartilhamento de dados sobre vacinas e testes, facilitando intervenções preventivas por parte do Ministério da Saúde e secretarias estaduais durante epidemias.
“Todo o setor ganhará muito, mas principalmente o paciente, com prontuário e histórico à disposição para acompanhar a própria saúde e tomar decisões”, afirma Ana Estela Haddad, secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde. Ela ressalta que o SUS já possui uma plataforma integrada que reúne informações de diversas esferas da saúde pública do país.
Contudo, a implementação do compartilhamento de dados exige cuidados para garantir a privacidade dos pacientes e o uso ético das informações. Como menciona Ana Maria Malik, professora do FGVsaúde, "ninguém pode ser impedido de contratar um plano de saúde ou acessar atendimento devido ao seu histórico de saúde". Além disso, a defesa do veto ao acesso por empregadores é fundamental para evitar discriminações em contratações. Apesar dos desafios, especialistas concordam que os benefícios superam os riscos, desde que as devidas precauções sejam tomadas.