Conceber a volta da UFRJ para o Centro do Rio é um passo significativo para revitalizar a área, que enfrenta os desafios da degradação e do abandono. A proposta, discutida por José Luiz Alquéres, vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, sugere que a presença de milhares de alunos, professores e funcionários das faculdades da universidade poderia transformar o espaço, que atualmente é povoado por lojas fechadas e vitrines depredadas.
A ideia surgiu da experiência pessoal de Alquéres, inspirado pela sua filha, ex-aluna do Fundão, que percebeu a importância das edificações que marcaram sua vida acadêmica. "O lamentável estado das edificações é um reflexo da necessidade de repensar o uso do espaço urbano", afirma.
Em um momento em que a cultura se vê ofuscada pelo abandono, Alquéres destaca a importância de iniciativas como o retrofit do Edifício Mesbla e do Edifício A Noite, que podem resgatar a vitalidade do Centro. Ele critica a legislação atual, que impossibilita a remoção das populações em situação de rua, contribuindo para a sensação de insegurança e desamparo que afasta os pedestres do local.
O apoio à proposta de reinstalar a UFRJ no Centro foi imediato, com arquitetos expressando entusiasmo por ter uma nova escola no Edifício Gustavo Capanema e a Escola de Belas Artes na sede da Associação Brasileira de Imprensa. Os espaços históricos, como os anfiteatros da antiga Politécnica, poderiam ser revitalizados com aulas de renomados professores, inspirando novas gerações de estudantes.
A educação, seja ela técnica ou humanística, carrega consigo uma herança cultural que não se limita ao conhecimento, mas se expande para a promoção de um ecossistema habitacional que viabilize a vida em comunidade e o acesso a diversas formas de cultura e lazer.
Alquéres defende que, assim como na criação de uma autoridade interinstitucional durante os Jogos Olímpicos, é necessário estabelecer uma entidade dedicada a revitalizar o Centro do Rio. Essa ação deve ir além de esforços isolados, reunindo forças públicas e privadas em uma política de Estado que vise a recuperação do espaço simbólico da cidade.
Com um olhar para a degradação de Detroit, ele alerta sobre o que pode ocorrer caso não haja uma resposta rápida diante dos problemas que assolam o Rio. As administrações atuais enfrentam dificuldades ao buscar recursos para iniciativas que são, acima de tudo, uma causa nacional.
José Luiz Alquéres destaca a urgência de uma ação coordenada e efetiva para evitar que o Centro do Rio caia em um abandono irremediável.