O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) revelou a intenção de assinar o maior acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, o que vai marcar um momento histórico nas relações entre os dois blocos. A afirmação foi feita durante uma entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, da TV Bahia, na quarta-feira (2), onde o presidente destacou a relevância do acordo que abrange 722 milhões de habitantes e um PIB conjunto de 27 trilhões de dólares.
Lula, que participou das celebrações do Dois de Julho em Salvador, viajará para a Argentina na quinta-feira (3) para assumir a presidência rotativa do Mercosul até o final do ano e participar de um encontro dos líderes da região. O Mercosul, fundado em 1991, compreende Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia, enquanto a União Europeia é composta por 27 países, incluindo nações como Alemanha, França e Itália.
Esta será a primeira visita de Lula à Argentina desde a ascensão do presidente Javier Milei, que é um crítico do governo brasileiro. Durante a cúpula do Mercosul, esperam-se discussões não apenas sobre o acordo comercial, mas também sobre cooperação no combate ao crime organizado e a agricultura sustentável.
Longos Anos de Negociações
Após mais de 25 anos de negociações, a expectativa é que o acordo seja finalmente concluído. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, visitou o Uruguai recentemente para acompanhar a reunião do Mercosul. Este acordo, se ratificado, se tornará o maior tratado de livre comércio do mundo, envolvendo 32 países e 780 milhões de cidadãos.
As negociações começaram em 1999, mas foram interrompidas e recomeçadas várias vezes. O acordo foi oficialmente finalizado em 2019 e agora aguarda a ratificação em instâncias europeias. No entanto, a França e outros países protecionistas expressaram sua oposição, alegando diferenças nas regras ambientais. Lula tem buscado persuadir o presidente francês Emmanuel Macron a apoiar o acordo.
Expectativas com a EFTA
Além do acordo com a União Europeia, o governo Lula está ansioso por anunciar, ainda nesta semana, um acordo com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), que inclui países como Noruega e Suíça. Este acordo, que foi negociado desde 2017 e finalizado em 2019, ainda não estava ativo devido a pendências técnicas.
O comércio entre o Mercosul e a EFTA é significativo, girando em torno de US$ 7 bilhões por ano, e estima-se que o acordo possa adicionar US$ 5,2 bilhões ao PIB brasileiro nos próximos 15 anos. A negociação inclui uma ampla gama de temas, como serviços, investimentos e desenvolvimento sustentável, refletindo um esforço em expandir as relações comerciais do Brasil.
Com o foco em acordos comerciais amplos e a busca por novas alianças internacionais, Lula quer posicionar o Brasil e o Mercosul como protagonistas das discussões comerciais globais, desafiando a proteção comercial e promovendo o livre comércio em várias frentes.