O Brasileirão da Baixada se destaca como um importante espaço para jogadores profissionais que buscam não apenas a paixão pelo futebol, mas também uma oportunidade de rendimento extra. Times como o Pombal e Guarajuba testemunham o crescimento dessa modalidade esportiva que, embora amadora, abre portas para atletas em ascensão.
O Pombal, atualmente em destaque, é finalista da competição e sua trajetória tem sido marcada pela união de esforços de pequenos empresários e políticos para atrair talentos. A final ocorrerá em Nova Iguaçu, onde o goleiro Rhenan Gomes, que atua no futebol profissional pelo Duque de Caxias, é uma das estrelas. Ele enfrentará um dilema comum entre os jogadores da várzea: a pressa em deixar o treino da manhã para chegar a tempo ao jogo. "Se Deus quiser, vou conseguir sair a tempo", diz Rhenan, que tem se destacado por sua performance sólida como goleiro na temporada.
O cenário do futebol da várzea é bastante competitivo. Rhenan, que acumula prêmios e incentivos financeiros por suas defesas, é um exemplo do contraste entre o futebol amador e profissional. O goleiro conta que, após uma grande defesa, recebeu apoio da torcida, que fez doações via Pix, enfatizando a relação íntima entre o jogador e os fãs. Essa troca é comum entre os times que apostam na valorização dos atletas, como o Pombal, que oferece uma remuneração média de R$300 por partida para seus jogadores.
Os times da várzea, como o Pombal, têm mostrado um crescimento notável desde sua fundação em 2015. Vando, presidente da equipe, explica que a inclusão de investimentos fez com que a abordagem mudasse. "Nos primeiros anos, ninguém recebia. Hoje, as pessoas vêm com amor, mas também com a expectativa de retorno financeiro", comenta. A coletividade e o investimento de empresários acrescentam uma nova dinâmica ao campeonato.
O campo do Miguel Couto, local da final, não apenas serviu como um palco para o jogo, mas trouxe à tona a emoção coletiva que o futebol gera. As palmas, os gritos e os fogos de artifício compõem uma atmosfera vibrante que é característica da várzea. O formato do campeonato, que permite a participação de doze equipes de várias cidades, promove não apenas a competição, mas também a interação social e o fortalecimento de vínculos comunitários.
Ramon, artilheiro do torneio e jogador do Guarajuba, também representa essa essência. Seu retorno ao futebol amador, após passar por divisões inferiores em Portugal, demonstra a paixão que predomina na várzea. Ele se vê como um exemplo de superação e resiliência, equilibrando suas responsabilidades familiares e administrativas com os jogos aos domingos. "O nível do Brasileirão da Baixada é equivalente a um campeonato profissional em termos de competitividade", garante Ramon.
A 15ª edição do Brasileirão da Baixada Fluminense, que acontecerá neste domingo, promete ser um marco na história da competição. Jackson Macedo, presidente do torneio, enfatiza a importância das iniciativas sociais relacionadas ao futebol na região, convidando os torcedores a contribuírem com 1kg de alimento para a entrada. A final entre Pombal e Guarajuba não será apenas sobre a disputa pelo título, mas também sobre a celebração da cultura e do esporte que definem a Baixada Fluminense.