A Conferência do Clima da ONU, COP30, marcada para novembro em Belém, enfrenta sérios desafios, levando muitos a questionarem se realmente atingirá as metas propostas. A expectativa é que o evento possa marcar um divisor de águas nas discussões globais sobre o clima, mas o tempo para assegurar isso está se esgotando.
Desde a assinatura do Acordo de Paris em 2015, que visava limitar o aumento da temperatura global a 2°C, com preferências em 1,5°C, a comunidade internacional tem enfrentado um cenário complicado. Os desencontros entre as nações têm prevalecido mais do que os acordos efetivos, deixando em destaque o risco crescente de desastres climáticos que impactam negativamente a sociedade e a economia.
O Brasil se apresenta como um dos atores que espera ver a COP30 mudar o panorama negativo observado nas conferências anteriores, que terminaram sem resultados significativos. No entanto, uma visão realista deve ser adotada, especialmente após os resultados da reunião preparatória em Bonn, Alemanha.Apesar das dificuldades, a secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, destacou a importância dos textos aprovados, embora os observadores ainda considerem os resultados "mornos".
O temor é que esta conferência se junte à lista de eventos sem conclusões efetivas. A questão do balanço global, essencial de acordo com o Acordo de Paris, está cercada de divergências. O primeiro balanço, realizado na COP28 em Dubai, revelou que o mundo caminha para além do limite de 1,5°C, e a solução depende fortemente da contribuição financeira dos países desenvolvidos para apoiar a transição dos países em desenvolvimento.
Historicamente, a contribuição dos Estados Unidos tem sido um ponto crítico. Desde a retirada do Acordo de Paris por Donald Trump até a relutância da administração de Joe Biden em liberar verbas substanciais para as demandas climáticas, o cenário se complica ainda mais. Embora o compromisso de US$ 100 bilhões anuais tenha sido finalmente alcançado em 2022, após muitos anos de promessas, a continuidade desse fluxo ainda é incerta.
Contudo, ainda há esperança para reverter esse quadro. Os negociadores brasileiros devem manter foco e determinação em suas abordagens na COP30. A abordagem em torno da transição para uma economia livre de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, precisa ganhar destaque, evitando que a conferência se torne mais um exercício de retórica improdutiva, muito comum nestes eventos, e que ao invés disso, gere acordos concretos e duradouros.