Em um movimento significativo para o comércio internacional, Brasil e China firmaram um acordo de cooperação na última segunda-feira (7) para desenvolver uma ferrovia que ligaria o porto de Ilhéus, na Bahia, ao porto de Chancay, no Peru. Este projeto visa agilizar o escoamento da produção brasileira para o mercado asiático, especialmente focando na China, o principal parceiro comercial brasileiro.
Ainda sem estimativas de custo ou traçado definitivo, o Ministério dos Transportes do Brasil informou que os estudos iniciais irão explorar a possibilidade de utilizar trechos de ferrovias já existentes dentro do país. De acordo com a proposta, a nova ferrovia deverá passar pelos estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre antes de entrar no Peru, onde se conectará ao porto de Chancay, inaugurado em 2024 com investimento chinês.
O porto de Chancay faz parte da ambiciosa iniciativa Cinturão e Rota do governo chinês, que busca investir em infraestrutura em diferentes partes do mundo. Apesar de estreitar laços com a China, o Brasil não se formalizou na Nova Rota da Seda, pois acredita que já existe um volume substancial de investimentos chineses no país, sem a necessidade de uma adesão formal ao programa.
As projeções do governo peruano indicam que essa nova rota pode diminuir o tempo médio de transporte de cargas do Brasil para a Ásia, reduzindo de 40 para 28 dias. A expectativa é que o uso de modais ferroviários e marítimos também diminua os custos logísticos, tornando o transporte mais eficiente em comparação ao método tradicional que depende de rodovias e portos no Sudeste brasileiro.
A assinatura do acordo ocorreu por meio de videoconferência, unindo autoridades da Infra S.A. (ligada ao Ministério dos Transportes do Brasil) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Econômico China Railway. O memorando de entendimento tem duração inicial de cinco anos, com possibilidade de renovação, e busca realizar estudos conjuntos focados na intermodalidade e na sustentabilidade econômica, social e ambiental da iniciativa.
Leonardo Ribeiro, secretário nacional de Transporte Ferroviário, descreveu a iniciativa como um "passo estratégico" que aliviará os gargalos na infraestrutura de transporte do Brasil. Ele citou que projetos anteriores, feitos entre 2015 e 2016, não progrediram devido a instabilidades políticas e econômicas, mas acredita que atualmente há uma maturidade técnica que facilitará a viabilidade desta nova proposta. Ribeiro afirmou que os estudos que serão realizados determinarão a viabilidade técnica, econômica e ambiental da ferrovia, sendo ainda indefinido o cronograma para conclusão e início das obras. O sucesso do projeto dependerá da finalização dos estudos, decisões sobre financiamento e colaborações com o governo peruano.