O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tentou justificar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a liberação do passaporte de Jair Bolsonaro, apresentando como argumento uma suposta negociação entre o ex-presidente e Donald Trump sobre uma tarifa de 50% imposta a produtos brasileiros. No entanto, essa proposta foi considerada absurda pelos ministros da Corte.
Recentemente, Trump anunciou essa sobretaxa, o que levou Eduardo Bolsonaro a comemorar publicamente, agradecendo ao presidente dos Estados Unidos. Em suas redes sociais, ele fez questão de ressaltar que a medida confirma o sucesso das ações de sua família. Ao contrário do que se poderia esperar, Eduardo, que é deputado, pareceu almejar protagonismo em uma situação que, segundo críticos, causará danos ao Brasil, elevando o desemprego e afetando a economia local.
Acompanhado pelo youtuber Paulo Figueiredo, conhecido por suas opiniões extremas e que se encontra foragido da Justiça, Eduardo também se manifestou sobre a tarifa, afirmando que outros países teriam que aceitar as condições impostas pela administração Trump. Ele chegou a sugerir que a retirada das tarifas estaria condicionada à aprovação de uma anistia para os crimes cometidos por Jair Bolsonaro, o que levantou sérias preocupações entre os legisladores.
Flávio Bolsonaro, o primogênito, também se envolveu na controvérsia, defendendo a posição dos Estados Unidos em uma entrevista à CNN. Ele enfatizou que o Brasil não poderia exigir nada de Trump, reafirmando sua lealdade à administração estrangeira, mesmo quando isso significa um forte desvio de postura nacional. Jair Bolsonaro ecoou essa mesma linha ao afirmar seu respeito ao governo americano, mesmo após o anúncio do tarifaço que impactaria negativamente a economia brasileira.
Diante dessa situação, Tarcísio tentou chamar a atenção dos ministros do STF, apresentando uma proposta que incluía autorizar Bolsonaro a viajar para os EUA com o intuito de discutir a tarifa com Trump. A medida, segundo a colunista Mônica Bergamo, foi classificada como "esdrúxula" pelos magistrados, que não estavam dispostos a ceder à chantagem da situação.
A proposta de Tarcísio ilustra a estratégia de alguns políticos brasileiros que tentam minimizar os impactos negativos da política externa, mas a resistência do STF indica uma clara expectativa de responsabilização por parte da Justiça. Assim, as tentativas de utilizar o internacionalismo em benefício pessoal ou político abraçam um tema volumoso e complexo que só deverá aumentar nas discussões políticas nos próximos meses.