Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) estão avaliando as **acusações contundentes** contidas no parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que solicita a condenação de Jair Bolsonaro em um caso referente à **tentativa de golpe de Estado**. O parecer, que abrange mais de 500 páginas, destaca a participação do ex-presidente na incitação à insurreição, especialmente em relação aos atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro, que ele nega ter causado.
A manifestação da PGR, enviada nos últimos minutos desta segunda-feira, fornece um conjunto probatório robusto, avaliado pelos magistrados como coerente com os dados apurados durante as investigações da trama golpista. Segundo ministros ouvidos pelo GLOBO, a PGR apresenta evidências claras de que Bolsonaro, entre outros réus, teria agido sistematicamente para desestabilizar a democracia durante e após seu mandato.
Entre os crimes imputados estão a tentativa de golpe, a abolição violenta do Estado democrático de direito e a formação de uma organização criminosa. O procurador-geral, Augusto Aras, destaca que Bolsonaro utilizou a máquina pública para fomentar ruptura institucional. A PGR menciona que, mesmo não estando presente no dia dos tumultos, o ex-presidente desempenhou um papel crucial na radicalização e criação do ambiente propício aos atos de violência.
Em seu interrogatório no STF, Bolsonaro negou a responsabilidade pelos eventos de 8 de janeiro e caracterizou parte de seus apoiadores como "malucos", posicionamento que, segundo Aras, distorce a realidade e ignora suas ações e omissões durante o período de transição política.
O procurador também fez referência a diversas provas coletadas ao longo da investigação, incluindo mensagens, documentos e testemunhos que ligam o réu a ações que culminaram nos atos violentos. Com o parecer da PGR, a ação está em fase de conclusão, e agora começa a contagem do prazo de 15 dias para que Mauro Cid, um dos réus colaboradores, apresente suas alegações finais.
Os demais réus também terão um prazo de 15 dias a partir das manifestações de Cid. Após todos os réus se manifestarem, o relator do caso, Alexandre de Moraes, deverá liberar o processo para julgamento. As expectativas indicam que Bolsonaro e os outros réus sejam julgados e, possivelmente, condenados ainda em setembro deste ano. A Primeira Turma do STF, composta também pelos ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino, Luiz Fux e Cármen Lúcia, será responsável pela análise dos casos.