Iniciativa Agrícola em Sembabule
No distrito rural de Sembabule, em Uganda, 90 famílias estão se unindo para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e pela insegurança alimentar. O projeto, fruto da colaboração entre a Universidade Miguel Hernández de Elche (UMH) e a ONG Rafiki África, visa melhorar a produção de maíz e diversificar as fontes de renda, garantindo o sustento diário da comunidade.
Com cerca de 250.000 habitantes, a região depende da agricultura e da ganadería, mas a irregularidade das chuvas, acentuada pelo aquecimento global, tem gerado problemas para os agricultores, que cultivam principalmente feijão, milho e bananas. O professor Ricardo Abadía, da UMH, alerta para a crescente insegurança alimentar que essa incerteza climática gera, afirmando que "a insegurança alimentar elimina qualquer projeto de empreendedorismo a futuro".
Transformação através da Educação
O foco do projeto é uma escola que utiliza uma máquina para extrair fibras de plátano, uma inovação que não apenas melhora a produção, mas também oferece um novo negócio para a comunidade. Joaquín Solano, estudante de doutorado da UMH, testemunhou de perto as dificuldades enfrentadas por agricultores que, em condições normais, dependem da chuva para suas colheitas. Em uma das safras iniciais, não havia praticamente nenhuma precipitação, fazendo com que as colheitas de feijão e milho falhassem.
Para contornar essa situação, o projeto propõe o armazenamento de água da chuva em tanques e a adoção de um sistema de irrigação. Além disso, os agricultores são incentivados a plantar em fileiras, usando apenas uma semente por buraco, o que aumenta a qualidade e a quantidade das colheitas. Com apoio da ONG, foram organizadas aulas de formação agrícola, com um foco especial nas mulheres, que representam 95% dos alunos. "Elas têm um papel crucial nas famílias, são as que mais se comprometem e percorrem longas distâncias para as aulas", destaca Laura Martínez-Carrasco, professora da AMH.
Microcréditos e Trabalho em Grupo
Cada grupo de alunos recebe microcréditos que podem ser usados para adquirir sementes melhoradas ou animais. Esses créditos precisam ser devolvidos ao longo do projeto, incentivando a autossuficiência. O trabalho em equipe é fundamental, pois os membros se apoiam mutuamente, reduzindo o risco de inadimplência. Solano reporta casos de sucesso, onde agricultores aplicaram o conhecimento adquirido para desenvolver pequenos negócios, como viveiros de café e criações de porcos e galinhas.
Uma Nova Perspectiva Comercial
A diversificação das atividades é outro passo importante. Após consultas com a comunidade, foi decidido aproveitar a fibra do tronco da planta de banana, que anteriormente era desperdiçada. Com uma nova máquina de processamento instalada, os agricultores poderão incluir essa produção na cooperativa, que agrega 90 famílias. Isso não só aumentará suas fontes de renda como também lhes dará mais força na hora de comercializar seus produtos, garantindo melhores preços no mercado.
Ao olhar para o futuro, a combinação de educação, inovação e colaboração fortalece a comunidade de Sembabule, oferecendo uma resposta robusta aos desafios impostos pelo clima e garantindo uma segurança alimentar mais sólida para todos os envolvidos.