O câncer de intestino, responsável pela morte da cantora Preta Gil, apresenta um aumento alarmante entre a população jovem. Estudos apontam que hábitos alimentares inadequados, como uma dieta rica em ultraprocessados, somados ao sedentarismo e à obesidade, são fatores cruciais por trás desse fenômeno.
A American Cancer Society, ciente dessa realidade, revisou suas diretrizes e agora recomenda a realização de colonoscopias preventivas a partir dos 45 anos, visando uma detecção precoce deste tipo de câncer. Preta Gil faleceu no último domingo, aos 50 anos, após lutar contra a doença diagnosticada em 2023, quando estava nos Estados Unidos em tratamento experimental.
Dados indicam que o câncer de intestino é o segundo mais comum no aparelho digestivo e ocupa a terceira posição em termos de mortalidade no Brasil. Tradicionalmente, a doença afetava principalmente indivíduos entre 60 e 70 anos, mas estudos globais revelam que novos casos entre pessoas com menos de 50 anos aumentaram em 79% nas últimas três décadas.
No Brasil, o câncer de cólon já é a principal causa de morte por câncer em homens jovens. A dieta, rica em embutidos e alimentos ultraprocessados, é um dos principais suscetores da enfermidade. Pesquisadores da Cleveland Clinic apontaram que metabólitos, especialmente aqueles associados à carne vermelha e processada, são os principais responsáveis pelo aumento do risco de câncer colorretal em jovens. Além disso, um estudo da Universidade do Sul da Flórida observou que certos tipos de gorduras presentes em alimentos ultraprocessados podem intensificar a inflamação relacionada ao desenvolvimento desse câncer.
Timothy Yeatman, coautor de um dos estudos, confirma que dietas não saudáveis geram um aumento da inflamação no corpo. Ele alerta que o consumo de ultraprocessados dificulta a capacidade do organismo de se regenerar, o que facilita o crescimento do câncer. As alterações na microbiota intestinal, causadas por uma alimentação inadequada, também são um fator importante a ser considerado.
Além disso, o uso indiscriminado de antibióticos pode comprometer a flora intestinal, representando outro fator de risco. A detecção precoce do câncer de intestino tornou-se um desafio, pois muitos casos só são identificados em estágios avançados, uma vez que os exames de rastreio costumam ser recomendados a partir dos 50 anos. A mudança nas diretrizes para começarem aos 45 anos busca alterar essa realidade e permitir diagnósticos mais precoces, aumentando assim as taxas de sucesso no tratamento.
Exames, como a busca por sangue oculto nas fezes, também podem ser úteis e são recomendados para pessoas com histórico familiar de câncer colorretal. Essa condição eleva significativamente os riscos, tornando a avaliação médica essencial nesse contexto.