Enquanto a situação de Jair Bolsonaro se torna cada vez mais delicada, líderes de importantes siglas políticas como PP, MDB, Republicanos e PSD mantêm-se em um silêncio desconcertante. A crise do ex-presidente, que envolve uma série de desafios jurídicos e a implementação de medidas judiciais severas, tem gerado um afastamento notável entre ele e seus antigos aliados.
No último dia 21, Jair Bolsonaro compareceu ao Congresso, utilizando uma tornozeleira eletrônica e afirmando ser vítima de uma perseguição. Este ato foi interpretado como uma afronta às medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Seus advogados agora têm um prazo de 24 horas para justificar essa postura, sob a ameaça de prisão antes mesmo do julgamento da acusação de tentativa de golpe.
A pressão sobre Bolsonaro não é apenas jurídica, mas também política. O silêncio de figuras proeminentes do Centrão é revelador. Um dos principais apoiadores do ex-presidente, Ciro Nogueira, presidente do PP e ex-ministro, manifestou descontentamento em relação à medida que impôs a tornozeleira a Bolsonaro. Entretanto, após um breve retorno às redes sociais para discutir economia, ele novamente se afastou do debate político.
Marcos Pereira, presidente dos Republicanos, optou por uma convocação para novos filiados, ignorando o apoio que uma vez teve por Bolsonaro. A situação do ex-presidente é ainda mais complicada com ações do presidente da Câmara, Hugo Motta, que decidiu restringir reuniões de comissões durante o recesso parlamentar, estratégia que prejudica o retorno dos bolsonaristas às atividades legislativas.
Antonio Rueda, do União Brasil, permanece em silêncio comprometido, enquanto planeja celebrar seu aniversário em Mykonos, um evento que inclui festas luxuosas. Os líderes do MDB e do PSD, Baleia Rossi e Gilberto Kassab, também optaram por não comentar a crise de Bolsonaro, refletindo a falta de apoio que o ex-presidente tem atualmente.
Separadamente, parlamentares mais radicais do PL tentam defender Bolsonaro, mas o cacique Valdemar Costa Neto, que já enfrentou suas próprias investigações, adota uma postura cautelosa, repudiando as ações da Polícia Federal, mas evitando um confronto aberto com o Supremo.
A questão da opinião pública é crucial nesse cenário. Com a crise da tarifa, a popularidade do governo Lula teve um impulso, enquanto pesquisas recentes da Quaest revelam que a rejeição a Lula diminuiu e ele lidera as intenções de voto sobre Bolsonaro em um hipotético cenário eleitoral. A tentativa de Bolsonaro de desafiar o STF culminou em um isolamento político que aumentou os custos para aqueles que o apoiam.
Mesmo diante dessa adversidade, o ex-presidente ainda possui um considerável capital político, cuja influência será decisiva para o cenário eleitoral de 2026. Contudo, sua resistência em indicar um sucessor e construir uma candidatura forte está criando fricções dentro da direita, que poderá se apresentar fragmentada nas próximas eleições, enquanto a esquerda tende a se unir para a reeleição de Lula.