A Prefeitura de Jacareí, em São Paulo, deu um ultimato à montadora Caoa Chery, que mantém sua fábrica desativada há três anos. Em um ofício enviado à empresa, a administração municipal exige que a montadora apresente um plano de retomada da produção de veículos no prazo de 45 dias, sob pena de iniciar um processo de desapropriação da área doada para a instalação da unidade.
O prefeito Celso Florêncio (PL) demonstrou preocupação com a atual situação da fábrica, ressaltando a importância da planta para a economia local. Ele revelou em suas redes sociais que tentativas de diálogo com a Caoa Chery não tiveram sucesso e que a prefeitura agora estuda ações legais.
No ofício, a prefeitura enfatiza que a falta de atividade compromete a geração de empregos e impede que o imóvel cumpra sua função social. Caso a empresa não atenda ao pedido, será iniciado o processo de desapropriação, que custará R$ 17,7 milhões à prefeitura. Este montante é a diferença entre os R$ 46 milhões investidos em infraestrutura e incentivos fiscais e os R$ 63 milhões, que é o valor de avaliação do complexo industrial.
Florêncio argumentou que, após a desapropriação, a área poderia ser leiloada e atrair novas indústrias para Jacareí, trazendo empregos e crescimento econômico. "O que queremos é que a planta da Caoa Chery retome sua função social, gerando renda e emprego para a população," afirmou o prefeito.
A situação da Caoa Chery é crítica desde janeiro de 2022, quando parte do terreno foi transferido para a Omoda Jaecoo, também do setor automotivo. A montadora não se manifestou a respeito da notificação recebida e não confirmou se possui um plano para reiniciar suas atividades.
A prefeitura ressalta que a Caoa Chery não respeitou compromissos estabelecidos em um Memorando de Entendimentos de 2010, que previa, entre outros aspectos, a geração de mais de 3 mil empregos. Dados de um processo administrativo indicam que a empresa chegou a ter apenas 444 funcionários em 2020, muito abaixo do esperado, e que atualmente a unidade permanece inativa. "A doação do terreno estava condicionada à implantação e funcionamento efetivos da fábrica, e a inatividade do local gera prejuízos ao erário e ao interesse público," destaca a administração municipal.
A fábrica da Caoa Chery foi inaugurada em 2014, após um investimento superior a US$ 400 milhões, mas não conseguiu atingir as metas de produção e vendas no mercado brasileiro. Em 2017, a CAOA assumiu metade da operação da montadora, na esperança de reverter a má performance das vendas e atender às expectativas da matriz chinesa. Entretanto, até o momento, os problemas persistem e a unidade se mantém inativa.