A Prefeitura de Jacareí, em São Paulo, está prestes a desapropriar a área onde se localiza a desativada fábrica da Caoa Chery, caso a montadora não apresente um plano para retomar suas atividades em um prazo de 45 dias. Desde 2022, a unidade permanece inativa, e o prefeito Celso Florêncio (PL) anunciou que, após tentativas frustradas de diálogo, seguirá com medidas legais para reaver o terreno.
A decisão da prefeitura busca reverter a situação, que segundo Florêncio, causa prejuízos ao erário e não atende à função social estipulada durante a doação do espaço. O compromisso assumido pela Caoa Chery em um Memorando de Entendimentos de 2010 estabeleceu que a doação de terrenos se vinculava à operação da fábrica e à geração de emprego, com a expectativa inicial de mais de 3 mil postos de trabalho, algo que nunca se concretizou.
Em dados apresentados, a realidade atual é alarmante: em 2020, a montadora contava com apenas 444 empregados, muito aquém do que foi prometido. A proposta da prefeitura é leiloar a área para atrair novas indústrias, com expectativa de que a planta gere novos postos de trabalho e impulsione a economia local.
No entanto, se a desapropriação se concretizar, a prefeitura terá que pagar uma indenização estimada em R$ 17,7 milhões à Caoa Chery, sendo essa diferença calculada entre os investimentos realizados pela administração municipal e a avaliação atual do complexo. As autoridades locais defendem que a venda do imóvel é a solução mais viável para dar um novo destino ao espaço industrial.
A fábrica foi inaugurada em 2014, representando a primeira unidade da montadora chinesa no Brasil, com um investimento inicial de US$ 400 milhões. Contudo, a promessa de crescimento não se concretizou, levando à necessidade de reestruturação. A Caoa Chery havia previsto retomar a produção de veículos elétricos e híbridos em 2023, mas isso não se materializou, resultando na demissão de 485 funcionários no último ano.
Ainda de acordo com a empresa, apesar das alegações da prefeitura, não há confirmação formal sobre uma notificação recebida e se há estratégia para reiniciar as atividades da unidade. A situação é crítica; um ofício recente estipula o prazo de 45 dias para a Caoa Chery apresentar um plano de reativação, ou o município iniciará o procedimento de desapropriação. Com o histórico de dificuldades de operação, a fábrica da Caoa Chery em Jacareí se torna um símbolo de desafios enfrentados pela indústria automobilística no Brasil.