Marc Kriguer, um engenheiro de software com 28 anos de experiência, reflete sobre as demissões no setor tecnológico, desafiando a ideia de que a inteligência artificial (IA) seja a causa principal das perdas de emprego. Em uma recente conversa, Kriguer compartilhou sua trajetória profissional, que inclui quatro demissões nos últimos 18 anos, e destacou fatores mais complexos que afetam o mercado de trabalho.
Desde seu primeiro emprego na Sun Microsystems, onde foi demitido em 2008, até seu último cargo na Walmart Global Tech, Kriguer observou um padrão de contratações excessivas seguido por cortes bruscos. "As empresas estão contratando mais do que podem sustentar a longo prazo", afirmou. Ele acredita que essa prática é impulsionada pelo financiamento de capital de risco, que fornece grandes somas de dinheiro, incentivando as empresas a expandirem rapidamente sem considerar os custos futuros.
Ao contrário do que muitos possam pensar, Kriguer não considera a IA como uma ameaça direta ao seu emprego como programador. Ele mencionou que, durante os últimos meses de seu trabalho na Walmart, a companhia começou a adotar ferramentas de programação assistidas por IA. No entanto, ele se posicionou contra essa abordagem, defendendo que o código escrito por humanos ainda é superior ao gerado por máquinas. Ele chegou a afirmar que, apesar dos avanços da IA, ela pode ser mais útil em avaliações de código do que na sua criação.
Outro ponto destacado por Kriguer é a velocidade com que as empresas estão mudando seus requisitos. "Nos últimos meses, muitas vagas passaram a exigir alguma experiência com IA, o que me deixa em uma posição restrita na hora de buscar novos empregos", comentou. Apesar disso, ele não observa um declínio no número de vagas para engenheiros de software. Ele acredita que a demanda por sua profissão ainda está estável, embora as exigências estejam em constante evolução.
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Kruger faz um apelo urgente à reflexão sobre a necessidade contínua de engenheiros. "Os bugs sempre irão aparecer e é preciso revisar o código. Não se pode simplesmente acreditar que, tendo terminado um produto, os engenheiros não são mais necessários". Ele enfatiza que, embora tenha enfrentado dificuldades, sempre conseguiu um novo emprego dentro de um prazo razoável. "Atualmente, já apliquei para cerca de 40 vagas e participei de 15 entrevistas", revelou.
Por fim, a perspectiva de Kriguer é que se as empresas forem mais cautelosas em suas contratações, elas podem evitar cortes massivos no futuro, permitindo um ambiente de trabalho mais equilibrado e sustentável. No entanto, ele alerta que o cenário da IA e a crescente necessidade de competências dessa natureza permanecerão influentes no mercado de trabalho, trazendo novas dinâmicas para a carreira de engenheiros nos próximos anos.