Inclusão da Inteligência Artificial nos currículos
O Conselho Nacional de Educação (CNE), vinculado ao Ministério da Educação (MEC), está se preparando para recomendar a inclusão do ensino de inteligência artificial (IA) nos currículos de pedagogia e licenciatura. Esta iniciativa surge em um momento oportuno, considerando que a educação é um dos setores mais promissores para a aplicação dessa tecnologia. A IA, quando utilizada de maneira correta, pode ser uma aliada dos professores, ajudando a atender às necessidades individuais de aprendizado dos alunos.
Desigualdade entre redes de ensino
Embora escolas privadas já estejam incorporando recursos de IA, é essencial que essas inovações cheguem rapidamente às instituições públicas, a fim de evitar um aumento na disparidade educacional entre os diferentes sistemas de ensino. O relator do parecer no CNE, Celso Niskier, enfatizou em entrevista ao GLOBO que o objetivo é capacitar os professores para que utilizem a tecnologia de forma eficaz, engajando os alunos em todas as disciplinas, em vez de usá-la de maneira superficial.
Críticas e desafios
Críticos da proposta argumentam que é necessário resolver questões básicas como a falta de energia elétrica e água em algumas escolas antes de integrar a IA ao ensino. No entanto, essa perspectiva ignora exemplos de países que não esperam alcançar todos os mapeamentos antes de adotar novas tecnologias. Não faz sentido exigir que alunos de redes públicas, que possuem uma boa infraestrutura, esperem até que todas as escolas do país alcancem o mesmo nível de qualidade.
Exemplos de adoção de IA na educação
No Brasil, o Estado de São Paulo já implementou a tecnologia para corrigir deveres de casa, utilizando gabaritos elaborados por professores. No Rio de Janeiro, a rede estadual está utilizando uma tecnologia chamada Professor IA, que utiliza avatares similares a professores reais para interagir com os alunos, responder perguntas e realizar correções. O Espírito Santo, por sua vez, já utiliza há quatro anos uma plataforma chamada Letrus para revisar redações dos alunos no ensino médio, auxiliando na preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Importância das avaliações
Apesar da crescente incorporação de IA na educação ser um avanço positivo, é crucial que haja avaliações minuciosas sobre os resultados pedagógicos dos programas. A inteligência artificial, em alta, pode ser usada por governos como uma ferramenta de promoção política, sem necessariamente garantir melhorias significativas na aprendizagem. Além disso, é fundamental reconhecer as limitações das tecnologias. Algoritmos podem se basear em vastos bancos de dados, mas frequentemente contêm informações imprecisas ou enviesadas.
Perspectivas futuras para a educação pública
Ao serem utilizadas para facilitar a aprendizagem, e não para substituir os alunos, as ferramentas de IA têm o potencial de ser um suporte revolucionário para educadores. Essa transformação pode acelerar avanços significativos na educação pública brasileira, contribuindo para um futuro mais igualitário e inovador.