Rui Rezende, famoso por seu papel como Astromar Junqueira na icônica novela Roque Santeiro, está de volta ao cinema após mais de dez anos. Com 86 anos, o ator integra o elenco do filme Nós, que nos queremos tão pouco, dirigido por Lisiane Cohen e baseado em uma peça que ele próprio escreveu.
Durante entrevista, Rui expressou a profundidade de sua experiência, afirmando: "É uma experiência única. Está sendo muito interessante e coroa tudo o que fiz na vida como ator". Ele ressalta sua produção literária, lamentando ter publicado apenas algumas de suas obras: "Escrevi, escrevi, escrevi, e poucas coisas publiquei". O ator compartilhou também como foi a transição do seu texto teatral para um longa-metragem, mencionando uma colaboração passada com Lisiane, que resultou na adaptação do seu trabalho para o cinema. "Quando escrevi a peça, não tinha a menor pretensão", relembra.
Recentemente, Rui teve uma breve aparição na série Bom Dia, Verônica, mas admite que não tem planos de retornar à televisão. "Não tenho planos para mais nada, praticamente. Sei que minha estrada não é muito mais longa. Posso até, digamos, numa linguagem poética ou hipotética, ver o final dela", declarou. Ele se mostra em paz com sua trajetória, reconhecendo suas limitações e o fato de que qualquer convite inesperado para novos projetos seria uma agradável surpresa.
Desde 2019, o ator reside no Retiro dos Artistas, uma instituição localizada na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Rui compartilhou sobre seu cotidiano nesse local: "É um lugar sem jovens. Convivo com pessoas na mesma condição física e humana: envelhecidas, algumas doentes". Ele adota uma rotina otimista que inclui música, leitura e entretenimento. Contudo, sublinha que a comunidade é bastante isolada e pede mais acolhimento por parte da sociedade: "Acho que deveria existir mais acolhimento, pois são pessoas que foram importantes e cumpriram uma grande missão".
O ator expressa sua gratidão pela assistência oferecida pelo Retiro: "É fundamental. Você tem atendimento, acolhimento, saúde, e eles cuidam da limpeza da sua casa semanalmente. Algo de primeiro mundo". No entanto, critica a falta de interesse da sociedade sobre os mais velhos, refletindo sobre o medo da morte que permeia a vida jovem: "Acredito que, se as pessoas tivessem menos medo da morte, seriam muito mais felizes". Para Rui, o ato de viver plenamente significa também arriscar, trazendo à tona a sabedoria adquirida ao longo da vida.